30 de maio de 2012

Nada



Tudo se baseava em uma “simples” mecha de cabelo e o modo como eu deslizava minha mão através dela. Você sorria, sabe? Aquele sorrisinho tímido de um milhão de pensamentos? Pois é. Seus olhos procuravam uma distração, algo que a mantivesse alheia à vergonha. Você fazia eu me sentir o maior dos caras, o mais experiente, daqueles que tem tudo sob controle. Engano o seu.  Eu só estava ali, te admirando sob um toque, acariciando seus cabelos, te tocando a face com minha respiração descontrolada. Porque, no fundo, meu coração palpitava às mil carreiras, trotando feito um exército de cavalaria. Minha boca estava seca, as mãos despejando aquele suor frio e tenso. Você não me olhava, mas isso não fazia diferença. Eu te beijei nesse instante, ignorando medos e receios. Um simples toque, apenas um selinho. Você me abraçou e tentou se aquecer do frio, mal fazendo ideia de que o verdadeiro gelo estava dentro de mim. O gelo da saudade. Você finge ser mais fraca, até julga que isso seja verdade. Mas não faz ideia das noites que choro por não tê-la aqui. Eu sou homem, mas sou extremamente fraco. É quando lembro que você numera aquele pequena lista de 5 coisas que ainda me fazem bem; é só o que eu preciso para ser feliz e voltar à paz primordial que deve acolher uma pessoa. Totalmente distante de você, eu não sou nada. Nada mais que menino ingênuo e triste. Nada.   

No muro, em um Sonho



O céu rosado, anunciando a despedida de um dia de verão. Eu penso nela, assim, desse jeito. Sentada no topo do muro, balançando as pernas magras feito criança. Distraída, perdida, arrebatada para um mundo particular, só dela, onde nada pode ser entendido. Ela está lá, de costas pra mim, à distância de um toque e de uma noite – dentro de um sonho. Há alguém perto dela, do outro lado do muro. Só que não está tão distante quanto eu. Esse alguém é real. É um cara bonito, simples, não é maldoso. É digno dela. Ele a está cortejando, ela está sorrindo e fingindo ignorá-lo. Eu observo. Mas sem maldades, sem ódio, sem angústia. Eu gosto desse alguém, eu simpatizo com esse cara. Ele a faz sorrir, afinal de contas. Ele está perto, muito perto. A satisfaz, enxuga as lágrimas dela. E o céu rosado, agora salpicado por tons crescentes de um azul escuro, é tomado pelo brilho das estrelas. É uma noite limpa, sem poluição, calma e tranquila. Ela está sentada no muro. Decidindo a hora que vai pular e ser amparada pelos braços dele. Ela está sorrindo, de costas pra mim. Não posso ver seu rosto, porque está escuro; tudo o que enxergo são os contornos de sua bochecha direita, tão elevada, alegre e alva na escuridão. Seu sorriso me é notado. O cara continua cortejando-a, sem maldades, com todo o amor que ele tem. O cara é digno e eu considero isso. Porque ele está lá, é real há mais tempo. Eu estou aqui do outro lado do mundo, à distância de um sonho e de um pequeno capricho. Não estou me doendo, tampouco chorando. Estou sorrindo por ela. Satisfeito, complacente. Só me resta admirá-la e despertar do sonho - mais outro de uma longa maratona. Ela é linda. Ao menos isso não nego.  

28 de maio de 2012

Harém #01 - Sopro na Colina



Os lisos cabelos escuros balançavam com o vento. Ele subia a colina com suas pernas compridas e extremamente magras. Não era alto, mas a magreza enganava olhares despercebidos. Altura desconhecida; nome desconhecido. Se auto-intitulava como Muck, por razões igualmente desconhecidas. O rosto apresentava certo tom amarelado, quase doentio. Segurava um cigarro entre os dentes, que fazia questão de manter protegido pelas duas mãos.
O vento era forte. Muito, muito forte.
Muck sentia os pés falharem, o corpo ser ligeiramente precipitado para trás. Se pesasse cinco quilos a menos, então provavelmente seria levado pelo ar numa visão não tão divertida. Ele envolveu o cigarro com as mãos e continuar a subir a colina.
O céu era claro como a inocência, fortemente azul e incrivelmente ensolarado. Não era verão, e sim inverno, mas isso não importava. Cabiam na gaveta dos detalhes desprezíveis. A relva verde ondulava assim como seus cabelos, soprando um leve aroma de mato aquecido. Muck persistiu na sua jornada. Subiu a colina. Propagou passos largos, calmos, urgentes, mas tranqüilos. Usava roupas escuras, mas mescladas – resultado da coleta que semanalmente exercia nos lixeiros do mundo. Um lenço vermelho encobria o pescoço, para eventuais tempestades de areia (elas estavam ficando freqüentes a partir de alguns anos, juntamente com as tempestades de neve que insistiam soprar no verão). Sim, o clima estava uma loucura, os pólos haviam mudado e todas as crenças também. O mundo não era mundo. Era apenas uma imensa vastidão de sobrevivência e parcerias. Nada mais, nada menos.
O vento soprou forte em seu ouvido. Ele ergueu a cabeça, abrindo os olhos – um verde e o outro castanho.
A criança estava lá.
No topo da colina. Cabelinhos na altura dos ombros, pele negra, lisa e perfeita. Olhos fechados enquanto os dedinhos dançavam pela flauta dourada – reluzindo os raios do Sol como a espada dos anjos. A melodia, no entanto, era dispersada entre o vento forte. Muck não ouvia nada, mas sabia das histórias que contavam sobre aquela criança. Bastava ouvir o lamuriar de sua flauta e a vida se esvaía da carne, como chamas nos desertos gelados do noroeste. Perdendo-se e dissipando, para não mais voltar.
A criança continuou com o tocar de sua flauta. Muck sabia que havia um som, mas ele não poderia ouvir. Ele não era um dos escolhidos para tal glória. Ele se ajoelhou ao lado da criança, jogou fora o cigarro e observou o horizonte. Moveu os lábios. Hesitou. Apertou a grama entre os dedos e falou baixo, sabendo que não seria necessário aumentar a força da voz devido à ventania. A criança escutaria, de uma forma ou de outra. Ela tudo escutava.
- Eu a encontrei... Ou o encontrei. – Corrigiu-se, lembrando que a criança não possuía sexo definido. – O que prova que eles estarão aqui em poucos dias. Se eu cheguei, eles também o farão.
A criança não abriu os olhos. Continuou tocando.
- Serei breve. – Muck semicerrou os olhos e os baixou, em sinal de respeito e súplica. – A terceira criança está desaparecida. Há anos. Creio ter encontrado um jeito de localizá-la. Um sinal. Mas eu preciso de você e, obviamente, de sua glória. Em anos de criação, é a primeira vez que peço ajuda. Por favor, venha comigo.
A criança moveu a cabeça, mas tudo não passou de um leve movimento de excitação à sua canção. A flauta era tocada em silêncio, o vento, o sol e o cheiro da relva continuavam fortes. Muck se levantou, movendo a cabeça numa breve reverenciação. Ele entendia o silêncio da criança. Uma vez dita suas palavras de desabafo ou súplica, o menino ou menina as absorvia e guardava. O pedido havia sido feito. A resposta viria em algumas horas, em alguns dias ou anos. Talvez nunca viesse.
- Tome cuidado. Logo eles virão atrás de você. Não se deixe levar. A Fonte alcançou e se comparou seu esplendor, não se esqueça. – Reverenciou novamente e virou de costas.  
Desceu a colina, satisfeito por ter cumprido a meta que traçara há tanto tempo. Pôs a mão dentro do bolso da calça e puxou outro cigarro, colocou-o na boca e, antes de acendê-lo, notou a súbita mudança no ar. O vento cessou. O Sol perdeu seu brilho – encoberto pelas nuvens. Um ar frio soprou, Muck sentiu nas costas. Ele engoliu em seco, já que nunca sabia o que as mudanças no clima significavam, poderiam ser um leque de opções. Era sempre impossível interpretar.
Guardou o cigarro e puxou o lenço vermelho para cima, cobrindo o rosto na altura do nariz. Suspirou pesado e sentiu a massa de ar quente tentar se chocar com o ambiente de fora. A temperatura caiu vários graus. Ele puxou o capuz da roupa e protegeu o rosto. Ouviu passos leves no solo, mas não necessitou virar o rosto para saber que a criança tinha se levantado.
O menino ou menina parou ao lado de Muck, segurando a mão do rapaz com seu toquezinho quente. A criança vestia uma camiseta vermelha salpicada por bolinhas pretas, um short escuro e um all star com a mesma cor da camisa. Carregava a flauta dourada na outra mão – o objeto não perdera seu brilho, Muck evitava ao máximo repousar os olhos sobre o instrumento musical.
A criança não olhou para Muck, tampouco disse ou sinalizou algo. O simples fato de ter segurado na mão do rapaz já dizia alguma coisa.
Muck assentiu, apertou a mãozinha da criança como forma de conforto. Os dois desceram a colina, pelo mesmo caminho que o andarilho traçara.
Ele olhou para cima e fechou os olhos. Não acreditava, mas estava pedindo a ajuda da sorte, agora.
Os dois caminharam de mãos dadas, juntos. Em direção ao paradeiro da terceira criança, seja lá onde estivesse.
A neve caiu.

Harém



Aqui vai uma ideia pré-concebida, gerada nos cantos mais incertos da minha mente. Ela não se consolidou e está longe disso, mas eu vou entrar em ação. Essa vai ser a graça: fazer do imprevisto a arte da inspiração, misturando palavras, significados e um final indeterminado. Apenas um nome constrói seu título – uma palavra que há meses sonda minha cabeça sem inspiração ou motivo algum. Harém. Há uma criança muda, de olhar cabisbaixo e um jovem perdido. Uma perseguição e nada mais. Estou jogando palavras ao vento, examinando o futuro que terá. Vamos brincar de deuses, com criações esporádicas e sem destino. Deuses. Fiquem esperando por aí. E me ajudem, preciso de vocês nessa.

27 de maio de 2012

Tempestades



Já tive muito de textos para aprender que tempestades passam. Às vezes cessam em uma noite, em um dia, ou um mês inteiro. De vez em quando, duram meses ou um ano inteiro, mas, invariavelmente, sempre se vão. Já tive muito de textos para aprender a não me revoltar com essas súbitas mudanças de clima, aprendi que é preciso ter paciência, equilíbrio e, mais que isso, é preciso ter muita frieza. Agir assim não significa ausência de sentimentos, muito pelo contrário. Significa, somente e basicamente, auto controle naquelas emoções que já te fizeram ir à loucura psicótica. Mantenha a calma, por mais pesada e turbulenta que seja essa tempestade. Uma hora ou outra, o céu se abre, as nuvens vão embora e o sol dá o ar da graça; as coisas se resolvem numa simples conversa ou num olhar sincero. E aí, tudo vai embora. Não é muito complicado, tampouco é preciso ser um monstro desprovido de emoções para saber lidar. Basta equilíbrio e paz. O caminho até esse ponto é difícil. É preciso passar por muitas tormentas para ter a experiência de se lidar com tempestades. Todos chegam lá, é questão de tempo. Serenidade e plenitude. Porque o que é verdadeiro não morre, apenas amadurece.  

25 de maio de 2012

Alma




E lá se vai todo aquele papo de razão e cientificismo. De repente, desaparece toda a lógica concreta que me prende a um mundo de átomos e leis físicas. Eu deixo de acreditar na ciência e, no escuro do quarto, de olhos fechados e mente aberta, eu já quase posso sentir algo dentro do corpo. Uma força que me move, que anseia e que oscila pela tristeza, decadência e alegria. Um caos indeterminado, regido pela incompreensão do universo, sustentando ossos, carnes, músculos e nervos. É estando feliz e em paz, que me acomete aquele antigo pensamento temeroso e de imensa bondade. Isso realmente existe, eu sei que sim. Nenhuma grandeza ou unidade numérica pode medir, mas está lá; nenhum cientista brilhante determinou, tampouco os filósofos comprovaram. Mas que há, há. É só preciso sentir um toque para ter certeza, mesmo que essa aproximação física não ocorra, por assim dizer, nos moldes tradicionais. Um beijo, um abraço, um olhar e o aquecer de uma respiração ofegante pelo desconcerto. Eu preciso sentir, basta um toque para eu ter toda a grandeza dos felizes e abandonar a certeza dos brilhantes. Eu sei que existe algo maior dentro de mim, me movendo não como uma máquina, mas como uma mínima peça importante de um mecanismo bem maior. Existe, sim. As melodias de Summertime me disseram isso – me fizeram sentir. Apenas um motivo e uma razão me empurraram para tal verdade. Só precisei de uma noite, um toque e uma pessoa.

21 de maio de 2012

Esse é o meu soneto



Há outro texto desse, falando sobre a mesma ocasião. Mas, preferi mantê-lo guardado, porque eu não o escrevi para mostrar ao mundo, eu o escrevi para aliviar uma dor. E nele, minhas palavras são mais agressivas e dramáticas, estão tristes, chorando e praguejando pontos de exclamação. Lá eu choro, lá eu chorei escrevendo – literalmente falando. Chorei sobre o despertar de um sonho, no qual você era mil vezes mais real do que todos os outros sonhos que já tive ao seu lado. Você era real, merda! Você vinha me visitar, você dormia na minha casa. Me chamava da universidade e eu largava tudo. Por sua causa, eu abandonava provas e causas estudantis, voltava para casa porque lá estaríamos a sós. Eu sonhei com tudo isso. E você estava incrivelmente fria, em alguns momentos. O que sempre me deixa curioso e sedento de amor. É uma expressão sua que construí na minha cabeça: um olhar sério, profundamente castanho e misterioso, do tipo que transmite intenções nada confiáveis. Você era fria no sonho, mas sempre – sempre é assim, na minha cabeça e nas outras vezes em que adormeci e você me acometeu a mente – despontava aquele sorrisinho que anulava tudo e me tragava ao seu abraço. E foi aí, exatamente aí que o celular tocou e me tirou desse sonho. Eu fiquei realmente puto nesse dia – 8 de Maio de 2012. E então eu chorei, por um simples motivo: por que eu deveria acordar e ser retirado da única coisa que me faz feliz nesse mundo? Me perguntei a Deus – vocês vão julgar isso um absurdo, mas pra mim jamais foi – por que ele simplesmente não poderia parar meu coração durante aquele sonho e... Bingo, por que não dar o golpe final? Ao menos, eu partiria feliz, longe de todos os problemas e frustrações dessa vida real. E aí eu escrevi um texto nesse dia (com três imensos parágrafos do tamanho deste texto, cada um), como forma de descontar minha dor. Não vou colocá-lo aqui, até porque ele foi o único texto que escrevi nos dias que decidi parar, ou seja, foi o meu momento claro de recaída ao vício. Mas, já estou de volta aos mantos da escrita e não posso abandonar aquilo que me alimenta. É minha válvula de escape, principalmente para retratar o peso da saudade e as dores dos sonhos. Foi a coisa mais real que já vivi. A coisa mais real da qual fui arrancado e exilado. Agora, as noites são assim: eu, deitado nessa cama, esperando por mais um sonho como esse e, desejando mais que tudo, que me último suspiro seja entre eles, se meu destino for jamais te tocar fisicamente.
Não seria um peso pra mim. É como o próprio Álvares de Azevedo disse: “Por ti – as noites eu velei chorando, Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!".

20 de maio de 2012

Clichê neológico


Vamos falar por metáforas e substituições – é o que faço grande parte do tempo. Dizer que superei a fase de muitas doses, já que hoje estou viciado em apenas uma. Não em uma droga. É palavra muito forte, pejorativa e imprópria para o assunto. Mas é um vício bom, embora também não se enquadre nos vícios. Eu diria: “uma dose de bebida para alimentar a determinação, para alimentar o órgão muscular involuntário encontrado entre os dois aspiradores de calmaria e dispersão”. Pois é desta dose que necessito. Fases de ilusões se foram e não preciso de envolvimentos externos, muito menos de novas experiências e novos contatos. Eu já tenho o meu, e todos os outros que encontrei até hoje, não são parecidos, não têm os mesmos hábitos e singularidades. Minha dose é única, minha experiência é linda e insubstituível, singela, doce, arrebatadora e tão inconstante que faz despencar cachoeiras dos meus espelhos refletores. Espelhos refletores: olhos. Metáforas e substituições, lembram? Porque dizer o clichê de sempre saiu de moda. A minha moda é ter a inspiração para falar do clichê, caso contrário, sem inspiração, quem seria eu para falar do clichê mais clichetizado do século? Clicherizado, não. Clichetizado. C-L-I-C-H-E-T-I-Z-A-D-O. Palavra inventada. Meu neologismo diário, representando minhas metáforas, minhas substituições. Cresci, aprendi, sou o ápice do amadurecimento. Meu clichê não é clichê, porque eu ainda tenho forças para falar sobre ele. Meu clichê é só meu, porque vivo inspirado por ele. Todo dia, toda hora, meu motor de respiração, minha válvula de felicidades. Clichê, clichetizado. Metaforizado, escrito no blog que vos escrevo. Detalhado pelo interior, com o mais profundo am... Clichê. Substituição! Substituindo o clichê que em mim é sempre novo e renovado. Neologismo – renascendo, mudando, mas sempre voltando. Nunca saindo de cena. Jamais.   

19 de maio de 2012

Distopia



Bom saber que com o tempo certas necessidades vão embora. Bom saber que o seu mundo de verdade não é este, e tudo o que você fala e diz é um modo de viver na brincadeira; você já é sério e “meio” maduro demais por dentro, então, não é preciso esbanjar todo esse lado verdadeiro para os outros. Bom saber que este mundo não passa de uma merda desprezível, do qual você despeja seus pensamentos loucos e futilidades. Bom saber disto. Bom saber que, lugar de verdade, é uma fusão de sonhos e planos, tudo misturado e devidamente organizado, dentro da sua cabeça – porque dentro dela pode haver bagunça e organização, ambas coexistindo numa harmoniosa relação. Porque dentro de sua cabeça, tudo faz sentido, tudo pode ser amado e odiado à sua maneira, foda-se o resto. O mundo é seu e, acredite, você pode construir impérios, reinos, mundos e pode definir o caos entendido somente por você. O mundo aqui fora não existe, é apenas uma distração. Faça isso, permita-se fazer. Deixe as coisas rolarem aqui, não dê tanta importância. Viva no seu mundo, viva nos seus sonhos, viva aquilo que te deixa feliz. Bom saber também, mais que tudo isso a hora de voltar. Saiba separar sua realidade da fantasia aqui de fora. Saiba inverter, saiba voltar. O mundo verdadeiro do seu interior, de vez em quando, também necessita da fantasia mixuruca aqui de fora – ou vice-versa. Aí, quando chegar este momento, converta todos os seus sonhos, idealizações e amores e então viva. Você vai viver a realização de tudo, juntamente com os sonhos do todo. Você vai ser você - vai ser duas vezes e meia mais feliz. Faça isso, porque é o que venho fazendo: vivendo o mundo real da minha cabeça e do meu universo, para um dia voltar para este mundo que vocês julgam real e, finalmente, ter meus planos mais loucos, pervertidos e amorosos realizados. E não queiram entender este texto, porque ele só é uma pequena exibição da minha cabeça. Do meu mundo. De todo o meu amor.   

18 de maio de 2012

À prova de bala



Não preciso de textos. Não preciso encher uma arma com palavras bem afiadas e letais. Eu não preciso de nada, quando já tenho aquilo que está me sustentando há muito tempo. Eu não vou parar. Entre todas as minhas tristezas, ameaças de desistências e perdições, não vou parar. Foi o caminho que escolhi. É o caminho que Deus quer que eu siga. Deus, Jesus, o Diabo, o Destino, o acaso, o tempo ou foda-se o que seja. Eu tenho isso comigo. Não vou parar, porque existem trilhões de razões que vão me impedir, mas há apenas um motivo pelo qual devo continuar. E eu vou. Por ele eu sigo, por ele estou decidindo prosseguir.

17 de maio de 2012

Deixe cair



Seu espírito vai estar devastado, acolhido pelo desespero. Você vai cair, como uma estrela desiludida, riscando o céu da noite com o maior e mais belo dos brilhos. Entre o vermelho da intensidade e o azul do adeus. Deixe cair. Suas lágrimas, suas dores, pela aurora rescendente, rabiscando espaço intermináveis, da loucura da sua mente à fraqueza do coração. Morto em sonhos, vívido pela canção furtiva. Palavras sem sentido, sentido sem motivos, motivos caídos, caindo pela chuva e escorrendo pela janela da tarde. Você vai estar perdido, feito cacos de um copo frágil e gentil, perfeito na sinuosidade, mas impuro nas depressões. Deixe cair, deixe quebrar para realinhar num futuro próspero e impróprio. Talvez não chegue, talvez nem venha. Mas se permita fechar os olhos e sonhar. Com um futuro de amor e esperança. Com uma vida que jamais será sua, porque sonhar não custa nada – basta fechar os olhos ou olhar para o nada, pensar, se deixar levar como a brisa do oceano. Oceano. Se deixe levar, um dia talvez dê certo. Vai dar certo. Não quebre, mas procure o chão. Desespero. Devastação. Destruição. Esperança.  No fim de tudo, deixe cair na esperança. Fechar os olhos, sonhar acordado. Sonhar com ela. Sonhar com um mundo só seu. Sonhar com o nada, o vazio. Com o futuro.  

14 de maio de 2012

Diário de Bordo



Eu precisei de alguns dias de bloqueio e um dia de pensamentos. Menos de uma semana sem escrever, para uma pessoa com crise de baixa auto-estima como eu, parece uma eternidade. Mas, de certo modo foi bom. Também foi preciso rever várias pessoas do meu convívio familiar e de amigos, para me dar conta de alguns pensamentos e planejamentos de vida. E cheguei a uma extensiva e derradeira conclusão... Bem, adiantando, devo informar que não estou feliz ou “bem mais feliz que antes”, muito pelo contrário – o nível de tristeza neste corpo aumentou.
É com lágrima nos olhos que percebi que a vida te exige certos sacrifícios. Eu não estou mais agindo por conta própria. Estou persistindo num caminho que vai manter o orgulho alheio intacto. O problema é que enxerguei que jamais vou estar satisfeito comigo mesmo, então eu preciso suprir tal necessidade. Algumas pessoas colocam demasiada fé em mim, elas sorriem esperançosas quando me vêem, como seu eu fosse a imagem do brilhante futuro e estimado profissional. Por isso, mesmo se não seja o que eu ame, eu vou cumprir esses sonhos para vê-los felizes. Eu preciso orgulhar meus pais e minha família, mesmo que eles jamais tenham me cobrado nada ou insistido e forçado a algo que eu não quisesse. Mas... Eles têm fé em mim, sorriem e falam bem do “futuro oceanógrafo que vai viajar pelo mundo todo, ser rico, feliz e blábláblá”. Não vai ser assim, galera. Pessoas como eu jamais encontram a felicidad... Enfim. Alheio a isso, existe o fato da preocupação. O lance por eu me preocupar com algumas pessoas aí... Odeio ter de escrever com tantas reticências, mas a minha vida tem sido isso: três pontinhos sem fim que permanecerão uma incógnita sem um término consolidado. Voltando ao assunto, é cansativo demais sustentar preocupações na sua cabeça, mas não há como retirar, porque já está lá, é natural e faz parte de você. Imagino que este seja o fardo das mães, sem ser propriamente dito, um fardo. Continuar cuidando vai ser normal daqui pra frente, mesmo que eu pareça não receber respostas. Minha cabeça anda à mil e ultimamente só tenho vegetado enquanto penso e penso e penso, penso e penso. Uma semana inteira sem pisar na universidade, uma semana inteira me lamentando de quem sou, do que sou, como sou e tentando me achar. Não encontrei o que procurava, mas achei algo bem mais valioso.
E aqui vai perdurar minha conclusão. Para quem não entendeu, vou resumir nestas palavras: decidi viver para os outros, mantendo-os sob meus cuidados e, mais que isso, cultivando a felicidade do orgulho que eles mantém em mim. Eu não quero decepcioná-los mais do que decepcionei a mim – a minha vida inteira. Portanto, é isso. Viverei por essas pessoas, fodendo meus planejamentos e minhas felicidades. Talvez um dia, quando eu estiver totalmente rico, quem sabe essas regalias econômicas não venham suprir meus verdadeiros sonhos e alegrias? Acho que dinheiro vem sendo minha única chance de dispersar as depressões da vida. Não sei mais o que digo, nem o que escrevo – também venho pensando em parar totalmente. Na boa? Eu to muito cansado de tudo; de ter sido um perdedor e um idiota por tanto tempo e não ter conseguido mudar; por foder tudo o que toco e ter a sensação de nunca chegar àquela pessoa que gosto por infinitas razões. To cansado, to cansado e cansado. E a única parte boa nisso tudo, é que superei a fase de “puxar o gatilho, enrolar uma corda no pescoço e engolir pílulas”, afinal, estou crendo na existência de Deus e, se realmente há uma vida após a morte, então qual seria a graça do suicídio? Isso deveria nascer e terminar apenas aqui, sem penitências para os suicidas e aquela merda toda que o espiritismo nos conta. Até porque, isso também decepcionaria as pessoas próximas a mim, certo? E eu não posso mais decepcionar. Não mais.  

7 de maio de 2012

Trégua



Anúncio. É oficial: vou encerrar minhas atividades por um tempo. Parar de escrever, engolir as palavras como se engole o choro. Vou expressar da forma que pessoas comuns fazem. Vou me estressar, darei patada, ficarei monossilábico, farei e direi merda – é, farei muita, muita merda. Pessoas comuns fazem isso – uma “pessoa de verdade”, lembram? É só por um tempo, to precisando parar com isso.
Sem textos por um tempo ou até que eu aguente. Os fortes conseguem, vou fingir ser forte... Preciso mentir pra mim mesmo.

Segunda Aspiração



Pensando em largar tudo, abandonar. Às vezes, até acho que nem nasci para essa merda. Não sou forte, não sou esperto, não sou apto. Sou o motivo da chacota, e é da minha natureza estar por baixo e ser perdedor. Só coisa da minha cabeça que preciso colocar pra fora, mas... Sei lá. Tenho mais nem saco pra dizer isso. É vergonhoso ser assim: fingir ser foda escrevendo esses textos, mas não ser nada na vida real.

5 de maio de 2012

Sem textos



Sem textos, hoje. E eu fico muito feliz quando isso acontece – tanto que vim aqui expressar isso. Sem palavras, nem poesias, nem junções melódicas e perfeitas! Eu já disse aqui e volto a repetir: escrever vem sendo um fardo pra mim, e dias como este são... Ufa! Dias como este são satisfatórios. Sem textos, sem lamentos, sem dores, sem nada. Ainda bem.

4 de maio de 2012

Caminhos



Carrego uma foto no celular. Uma imagem que me transcende à alma e aos verdadeiros objetivos. Carrego comigo a certeza de meu propósito e, além de tudo, um lembrete de minha missão. Trago, sempre no bolso, ao alcance de um toque e de uma viagem perdido em devaneios, a razão para eu ter feito muita coisa que fiz. Larguei uma amizade em função disto - o que na época realmente foi inevitável. Não que eu me orgulhe, mas também não me arrependo em grande escala. Posso ser um monstro por dizer isso ou simplesmente alguém que se entrega de corpo e alma. Eu sei as coisas que fiz e sei as coisas que pretendo fazer. Fechar o coração totalmente, apesar das brincadeiras. Carregando esta foto comigo, me fica claro o porquê de ter ingressado nessa nova rotina de cálculos e fórmulas químicas. Carrego uma foto no celular, não porque sou stalker level 5000, e sim para acalmar meu coração nos dias de desespero. Eu lembro de tudo o que preciso construir e o porquê de fazê-lo.
Eu não sei nada sobre o futuro, mas quem rabisca e escreve este destino sou eu. Seguirei com esta determinação até o final, até que alguém me mande parar. Até que você mesma me mande parar.

Olhos traiçoeiros



O que esses olhos ingênuos e idiotas fazem de mim, na maior parte do tempo? Refletem a alma, as tristezas e frustrações, mas porque, além disso, devem me dar todas estas súbitas rasteiras? É um questionamento a ser feito do qual a resposta me parece bem longe. Esses olhos fúteis e despercebidos, olhos que nunca foram notados, embora isto realmente pouco me importe. Foda-se. A merda toda continua, no entanto. Juntamente com esse estado esquisito e inexplicável de alucinações e sonhos que já não escondem sua vontade. Olhos traiçoeiros que entregam e quebram minha desprezível capa dura. Olhos traiçoeiros estes meus: insistem em vagar pela contemplação; insistem em admirar algo que jamais há de ser tocado. Olhos que delatam meus anseios e vontades. Olhos covardes, empolgados e malditos.
Traiçoeiros sempre que te olham.

2 de maio de 2012

Pessoa de Verdade


Conquista sem ao menos se esforçar. É simples, desapegada e desprendida. Não carrega necessidades fúteis, não precisa disso, nem daquilo. É na sua, numa boa, é relax. Não aparenta sentimentos, mas apenas não aparenta. Por dentro, é incrivelmente simpática e desprovida de recalques. Superou a fase tensa da vida. Tem olhos que vão além, alcançam limites inalcançáveis, mas nunca se perde. Tem coração, tem amor próprio, mas não exala nada do que pensa – só se questionada. Não tem pressa, não tem medos visíveis. É uma pessoa completa por si só, porque é repleta de experiências e vivências. É humilde. Pessoa amiga, companheira e compreensível. Pessoa de verdade, pessoa comum – do jeito que eu admiro e desejaria ser. Pessoa que encanta por onde passa. Está ligando o “foda-se” para o mundo, no entanto conserva uma pitadinha de importância. Tem opiniões fortes e concretas, mas não necessita expressá-las. De boa. É jovem e sabiamente admirável. Encantadora e linda. O tipo de pessoa que sempre quis ser; o tipo de pessoa que idolatro de forma saudável. Pessoa comum. Pessoa de verdade.

Frustração


Bang!

1 de maio de 2012

Ofício


Não sei porque continuo a escrever. De onde vem essa inspiração, mesmo quando não estou inspirado? Sai do nada, brota feito câncer, é contagioso para alma e perturbador para a mente. O pior disso, é que me sinto um idiota por ainda escrever. Não faz sentido fazer algo com um objetivo e ter a bruta sensação de falhar em cada tentativa. Às vezes me sinto um bobo, escrevendo em vão para um ouvido que jamais escuta ou jamais expressa escutar. Me sinto um louco varrido por ser diferente dos outros caras. Me sinto um viadinho ingênuo, fresco e infantil – sem preconceitos, mas as pessoas sempre me julgam e isso afeta, de vez em quando. Eu não sei porque ainda o faço, este maldito ofício da alma. Escrever. É angustiante, pasmem vocês. Saber fazer algo que surpreende determinado número de pessoas, mas não estar satisfeito com tanta coisa. Porque, no fim, eu escrevo apenas minhas mágoas e esperanças que, invariavelmente, sempre acabam se esfarelando. Sou banhado em desilusão, perco fácil o estímulo; cabisbaixo e renegado. Eu só quero parar escrever e de expressar.
Não tem sido uma terapia. Tem sido um pesadelo.