Nove horas. Vejo as nuvens daqui,
riscando meus olhos como algodões translúcidos, desprovidos de peso ou
sentimentos. Vejo um risco lá fora, uma fina tintura negra serpenteando árvores,
casas, campos cuidados e áreas devastadas. Daqui eu contemplo um azul
brilhante, azul celeste, tão calmo quanto o coração de uma criança. Nove horas. Antes eu contava as horas, previa
os minutos e planejava cada mísero segundo, lutando uma batalha épica contra o
relógio, mas agora o tempo não passa, ele se arrasta no ritmo de um gordo
aleijado e preguiçoso. “Mas vou lhe dizer
o que penso, Clivey. Acho que Deus deve ser um velho filho da mãe malvado para
fazer com que os únicos tempos compridos que um adulto tem sejam os tempos
quando ele está sofrendo muito, como com as costelas quebradas ou as tripas
entupidas ou alguma coisa assim. Um Deus assim, ora, Ele faz com que um garoto
que espeta agulhas em moscas pareça com aquele santo que era tão bom que os
passarinhos vinham ficar em volta dele. Fico pensando em como foram compridas aquelas
semanas depois que a carroça de feno capotou comigo feito uma tartaruga e me
pergunto por que Deus quis fazer criaturas vivas e pensantes, para começar. Se
ele precisava de alguma coisa para mijar em cima, por que não pôde simplesmente
criar para Si umas moitas de urtiga e parava por aí?”. Bela perspectiva, sucinta,
coerente, arrasadora. Mas não há razões para buscar explicações, já que daqui
do alto tudo parece um borrão difuso e inanimado. As nuvens riscam o céu, são
destruídas pela asa do magnífico transportador aéreo e se perdem para sempre em
suas antigas formas. Poderia ser um caçador com um arco e flecha; um urso; um
gato brincando com uma bola ou simplesmente um coração aos apaixonados. E lá para
casa eu retorno, temendo que agora eles saibam quem realmente sou: que não sou
aquele homem que pensam que sou – ou fui. Sim, eis meu retorno nada triunfal do
espaço sideral, meu retorno das nuvens da imaginação, das quais um dia eu
idealizei e agora – como se também cortadas pela asa afiada – se dissipam numa
realidade assustadora e solitária. Ela
arrumou minha mala, dobrou minhas roupas e sentiu o meu perfume pela última
vez, antes de dizer que agora as palpitações em seu peito já não mais me
pertenciam. Eu sinto falta dela, sinto falta de um chão sólido que nunca
existiu, sinto falta de quando, em meus planos, ela foi minha esposa e amante, mãe dos meus filhos. Sinto falta dessa
Terra idealizada e planejada, sinto falta de quando esse voo não era nem uma
cogitação, é solitário aqui nesse voo
eterno. Quando este avião pousar, ah, eu sei, o chão lá embaixo será diferente
e a Terra será outra, mais escura e mais apagada daquela que eu enxergava.
Serei outro homem, uma espécie de pensamento vago e perdido, oscilando pelo
mundo numa tristeza quase incrédula – quase.
Enquanto estou voando, o tempo para, fica estático, imóvel e inerte. Olho para
o relógio. São nove horas, e as coisas não mudaram. Elas vão apenas se perpetuar.
22 de março de 2013
13 de março de 2013
Pena
Me restou uma pena, caindo nos campos
devastados com suavidade, lentamente, para tocar a relva queimada como prova do
real e do palpável. Caiu lentamente, atritando-se ao máximo com o ar, desabando
leve, mas com uma carga emocional demasiada e massacrante. Caiu. E cá estou eu, sem alegrias supremas ou depressões profundas,
apenas um vazio estático que me anuncia um término há muito profetizado. Não,
não chega a ser um término, pois só termina o que começou, e de começo aquilo pouco
teve. Mas foi palpável, teve um início, isso
garanto. É como uma saída na madrugada, repleta de solidão e tontura,
seguindo ao supermercado 24 horas para comprar um punhado de besteiras cheias
de sódio e várias latas de coca cola (porque sou inútil o suficiente para não
degustar o prazer do alcoolismo). Sozinho naquela seção, sozinho pelas
prateleiras, escolhendo qual salgadinho levar: o de 90g ou o de 200g? Num
dilema quase existencial, pondo naquele questionamento a distração para
pensamentos ruins e desoladores. Como uma
pena caindo, sinuosa pela ar, deslizando por uma atmosfera fechada de cinzas e monóxido
de carbono. Corroendo todas as veias que me transportam oxigênio ao
cérebro, tragando memórias e esmagando planejamentos. Nesse ínterim, poucas
coisas já importam. E só me resta refletir, pagar os salgadinhos com
refrigerante e voltar pra casa.
São 03h27m.
E uma pena vai caindo.
11 de março de 2013
Amante
Sexo. Tão banal quanto gostoso.
Nada de especial, mas como nenhum outro. Ele só gozou depois de vê-la gozar.
Ela era a prioridade. Um cigarro acesso na mão dela. Tudo bem, já não haveria
beijos. Não faziam questão. Isso ela guardava para o namorado dela. Nem citei
que ele era amante. Eles riam em cada escapada, em cada beijo roubado. Depois
saiu, com um rumo, mas sem objetivo.
Uma cerveja, a única certeza, não
se concretizou. Resolveu assistir a um filme qualquer que passava no cinema.
Tinha duas horas até ele começar. Foi com o maior traficante da sua cidade, que
sempre alimentou seu vício. Provou um pouco de algo forte, mas que já conhecia,
e um pouco de algo novo que estava à vista. “Cem sonetos de amor”, Neruda.
“Tesão”, Tico Santa cruz. Levou os dois pra se entorpecer em casa. No caminho,
um cigarro. A chuva fina que caía pedia por ele. Parou para comer em um buraco
qualquer. Trinta minutos de espera muito bem recompensados.
Continuou a vagar por uma cidade
já adormecida, acordada esporadicamente por moto apostando corrida, carros com
músicas que ele odiava, sendo ouvidas no último volume em carros de
inconsequentes que esbanjam os bens dos seus pais. Andou. Chegou em casa.
Chaves para um lado, carteira para o outro, celular na cama em cima de um vulto.
Ligou a tevê. O cantor favorito dela cantava. Coincidência. Ligou a luz e
percebeu que o vulto era uma blusa de um dos times do coração que ela vestia
enquanto estava na casa dele. Sentiu o cheiro dela na blusa. Fechou os olhos.
Sexo. Tão banal quanto gostoso. Nada de especial, mas como nenhum outro. E de
olhos fechados, pegou seu notebook ainda ligado.
Começou a escrever.
(T.S.Banha)
8 de março de 2013
Mulher
Parabéns, mulheres.
Parabéns a cada uma que construiu uma
história até aqui, àquelas que estiveram pelos bastidores, sussurrando coragens
ou planos maléficos aos ouvidos dos companheiros, moldando e empurrando cada
decisão histórica. Quem sabe se o próprio Hitler não tinha uma paixão secreta (corrijam-me
se eu estiver errado com meu conhecimento superficial de história)? Quem sabe o
quanto elas foram vitais para tudo o que se construiu até aqui? Quem sabe – e é
praticamente uma certeza – o que seríamos hoje sem os pensamentos impulsivos movidos
pelo coração e pela coragem daquelas tão singelas e “submissas” mulheres? Devo
citar as canções de ninar cantadas aos filhos todas as noites? Quem sabe eu
mencione aqui o fato de que foram elas quem cuidaram de cada criança, durante o
dia inteiro, enquanto seus maridos estavam fora apenas trabalhando ou se embebedando
em condutas pecaminosas. Não exalto aqui a mulher como figura exemplar e
desprovida de erros, não, apenas
levanto o lado decisivo e brilhante delas durante nossa história particular ou
universal. Os erros suscetíveis a todos os humanos eu aqui pouco tratarei,
porque eles não importam. Imaginem vocês o que seria de cada poeta sem uma
mulher? O que seria de cada cantor sem uma força interna para movê-lo? Em
tempos antigos (e até mesmo hoje) quando os homens não podiam mostrar diante da
sociedade que também eram acometidos de tristeza, melancolia, paixão, amor e
devoção, eles recorriam às poesias e letras de músicas para expressar o quão
bobos sentiam-se ao lado da mulher amada. Ou
mulheres amadas. Isso nunca terminará, nunca.
Uma mulher é sublime, fruto de mistérios que nunca chegaremos a conhecer. Mulheres
são como as linhas de Nazca ou os gigantescos carrancudos de Páscoa; elas têm a
singularidade e maestria das pirâmides, a simplicidade de uma molécula e a
beleza do universo lá fora; recai aqui um clichê em comparar o brilho de uma
estrela ao brilho dos olhos de cada uma delas, quando assaltadas de carência ou
carinho, calma ou confusão. Das curvas dos cabelos lisos ou encaracolados,
negros, claros, finos ou ásperos; tais como a pele, que variam de cores e tons,
enchem-nos de encanto e fascínio. Mulheres, ao contrário do que elas dizem
sobre nós, não são “todas iguais”, mas sim diferentes, como um grão de areia
composto, cada um, de elementos próprios e únicos para formar um deserto onírico
de desejo, excitação e clamor. O que seria de cada passo nosso sem elas? Nossas
mães, avós, tias, primas, irmãs, amigas, colegas ou simplesmente a menina linda
que pega o mesmo o ônibus todo dia ou aquela desconhecida sentada ao nosso lado
na sala de aula. Cada mulher é um livro sem páginas limitantes; um parágrafo
interminável de Saramago; um texto desconexo, atraente e esbelto. A minha
trajetória, como a trajetória de cada homem aí fora, é formada pelo toque
direto ou indireto de uma mulher. Mentiroso é aquele que diz que nunca amou ou
que é indiferente ao sentimento; mentiroso é aquele que nunca teve uma mulher
essencial durante sua vida, em algum momento ou em algum instante; mentiroso
aquele que não vira o pescoço para olhar uma beleza nata; mentiroso aquele que se
diz não atraído pela “magrinha, gordinha, burrinha, patricinha, metidinha,
moreninha, loirinha, ruivinha, chatinha, baixinha, altinha...”. Mentiroso é
aquele que nunca teve o coração quebrado por uma mulher, que nunca chorou ou
nunca abandonou o orgulho e o amor próprio. Não confio em homens que repudiam
mulheres, não confio em homens que tratam-nas como objetos. Não confio em
homens que se dizem “héteros” e não as amam, porque cada macho nesse planeta
vive em função de uma fêmea: desde a mais efêmera formiga ao mais onipotente
dos deuses. Mulheres são grande parte de nós, se não tudo. Eu mesmo, sem elas, não daria vida a este texto; eu mesmo, sem ela, não teria começado essa
empreitada. Em meu coração tem espaço, embora tenha se partido, embora tenha
esfarelado, há tempo e oportunidade para se recompor, abrir espaço e amar de
novo. Seja afetuosamente, fraternalmente, na irmandade, amizade ou no mais belo
dos romances. Haverá sempre espaço para uma grande mulher, seja ela como for. Seja
lá onde estiver.
Feliz dia internacional da mulher.
6 de março de 2013
Parabéns
06 de Março, meu aniversário? Também.
Mas não é isso o que eu comemoro, não mesmo, nem de longe. Eu não gosto tanto
assim de mim como muitas pessoas por aí gostam e prezam, tenho antipatia pela
minha própria pessoa e é latente aqui um desorgulho imenso. Poucos sabem disso,
mas não ao ponto de entrar em depressão ou coisas mais extremas. Comemoro esse
dia por dois motivos: primeiro, fui abençoado com as pessoas mais incríveis,
que são meus familiares e cada amigo, colega ou conhecido que adicionou algo na
minha vida; o segundo motivo, agora maior, é por ter nascido exatamente no dia
dessa pessoa que de longe me é uma das mais especiais. Meu avô, que sempre
esteve ali do meu lado, que me amparou de todas as formas possíveis, teve e tem
influências magistrais na minha vida. Eu devo tanto a ele que essas palavras
jamais expressarão o que a minha gratidão faz derramar lágrimas - de felicidade
e orgulho. Talvez seja este o melhor motivo para viver: pessoas como vocês,
pessoas como ele. Alguém que jamais me esqueceu em momento algum e sempre
quebrou todos os galhos possíveis pra mim. A cada vez que na minha infância
chegava com um brinquedo novo (eu tive e tenho até hoje alguns dos bonecos de “Vida
de Inseto”, ele me enchia com a coleção inteira); quando chegava com lanches,
biscoitos, sucos e refrigerantes (e ele faz até hoje); cada manhã que ia me
levar à escola e ia me buscar, ou quando se dispõe a “ir ali resolver esse
problema pra se livrar logo”. Não esqueço aqui as broncas que sempre levei, as
coisas ruins que eu fazia ou dizia e era repreendido logo de imediato. Eu não
tenho limites nestas palavras e poderia, com toda a certeza do mundo, escrever
o suficiente para esses 19 anos vivendo com esse velho chato e teimoso de 73. Eu
te amo tanto, sem medo de dizer ao mundo, és uma das maiores partes boas que
compõem esse moleque que sou. Parabéns, vô, parabéns pai.
5 de março de 2013
4 de Janeiro de 2012
Fui um poço de idiotice fazendo
escolhas erradas e ilusórias ao longo desses últimos anos. Minhas razões para
isso foram nobres, incrivelmente nobres, mas como um homem velho, caíram por
terra. Morreram. Hoje nem mais fazem sentido, porque não depende mais de mim. Pelas
minhas vontades tudo continuaria e teria um preço magnífico, teria gratificações
e recompensas das quais eu desfrutaria para o resto da minha jovem vida. Não me
arrependo em nenhum momento de tê-las feito, porque não foram erros, foram
escolhas necessárias para ser quem eu sou hoje. O que me revolta, a única coisa que me deixa triste, é
saber que cometi alguns erros dentre essas escolhas, não as administrei bem, não
expressei melhor. Eu juro que tentei, cada pedaço de frase e cada linha de
textos que escrevi até hoje não valeram de absolutamente nada. Eu deveria ter sido mais claro, objetivo, menos subjetivo ou
poético. Estraguei meus últimos dois anos num sonho que não me valeu de nada,
desperdicei anos de colégio por um objetivo que, agora, neste final, me fez
voltar à realidade para fazer aquilo que me agrada, ao invés de sacrificar um
pouquinho para enfim alcançar aquilo que me faria plenamente feliz num futuro
idealizado. Fui um poço de idiotice, de erros propagados e imbecilidades ditas.
Mas não me arrependo, porque o erro partiu de mim e não da causa pela qual eu
iniciei a pequena luta. Intitulo aquilo o meu texto com a memória de uma data,
pois antes dela (exatamente mais de dois anos antes dela) eu dei início à minha
corrida. Eu corri, eu cheguei, eu venci, mas não adiantou muito. O sonho de
ingressar na Universidade Federal do Pará eu tive em nome de algo maior, que
hoje se perdeu, que hoje palpita para outras bandas e respira novos ares. Mas
juro que esta é a última vez que eu reclamo por isso; a última vez que toco no
assunto. Eu parei tanto tempo nisso que esqueci de mim – não que eu vá me
valorizar, porque nunca o fiz e não será hoje que o farei, não sou desses, acho
a atitude ridícula e nunca precisei dessas bobagens de “auto estima” para
conseguir vencer, não funciono com livros de auto ajuda e estou extremamente
satisfeito. Só não me resta muito, nem lágrimas, nem auto piedade, nem
perseverança. Trata-se apenas de “seguir por seguir”, afinal é o que todo mundo
faz. E, felizmente, não ando sendo o
primeiro, muito menos serei o último.
1 de março de 2013
A vida é um pornô
Corrupção mental: este deveria ser o
título do conjunto de palavras que aqui escrevo, porque, sinceramente, não vejo
outra explicação. É como Dean Winchester disse em Heaven and Hell: “Tem um anjo
e um demônio no banco de trás. Parece piada de mau gosto, ou carta de leitor da
Penthouse!”, quer dizer, como não
pensar pornograficamente na ocasião? Quero dizer, a vida é um intenso pornô
barato, sem chances para tirar o material de serviço e despejar o grão
reprodutivo fora – o que não significa que não aconteça. Vejam, eu devo estar
mentalmente corrompido por toda essa maldade, porque se eu vejo um casal
ficando ou iniciando um namoro, se eu vejo meus pais juntos, meus tios, meus avós
ou meus amigos com suas namoradas (ou amigas com seus namorados), minha mente
automaticamente é transportada para uma ocasião barata onde qualquer desculpa
justifica um ato sexual inevitável. E vejo todos vocês gemendo, segurando
agressivos os cabelos de suas parceiras e chamando “safada, cachorra, vadia, minha putinha”. E, ah, as meninas mais
delicadinhas que conheço com vozes de criancinhas inocentes (não fazem por mal,
é natural, que fique claro), não me escapam da mente fugindo de um anal sofrido
em prol da satisfação do namorado que só quer comê-las. Galera, é a vida, e ela
é voltada totalmente – desculpem-me a generalização – ao sexo e à foda gostosa
do churrasco de domingo na casa dos colegas. Não entendo relacionamentos patéticos
que surgem aos montes, onde as meninas insistem acreditar que o namorado bem
sucedido e popular está naquele laço porque as ama profunda e dedicadamente. Mentira, mentira. Eles só querem suas
bocetinhas, gozar dentro e foda-se as consequências – se ficarem prenhas, então
o filho é de outro ou apenas um aborto resolve. Pílula do dia seguinte; copular
fora do período fértil ou quaisquer outros métodos, mas, acima de tudo, gozar
dentro da bocetinha a qualquer custo. Eis a vida aqui: pra mim não passa de um
grande pornô, onde mulheres da sua família estão fodendo com homens casados e
os caras da sua família estão fodendo a vizinha ou a mulher do tio Fulano da
Silva Pereira, 60 anos. Não me escapam. Talvez eu esteja corrompido, é, volto a
repetir. Em função de desilusões e conclusões que me fazem cair na real a cada
dia. O preço de uma virgindade hoje é o passeio de carro ou um ingresso na
festa maneira; o preço de uma vagina é apenas uma carteira cheia e as chaves de
um carro dado pelo papai. O preço de uma vida é o sexo: pedir ao técnico de
computador para consertar um vírus e acabar abrindo as pernas; levar o carro à
oficina e foder com o mecânico; comer a empregada, a sogra ou a melhor amiga da
namorada (caralho, sou gamadão nisso); ser
contratado por uma coroa de 60 anos e comê-la; ruivas; cowgirls; asiáticas;
cabeludas; negras e por aí vai. Sinceramente, perdi o pudor dos pensamentos, já
cantou Mag em uma de suas letras: “vou fazer o quê se o mundo é sacanagem?” É,
pois é, estamos juntos, brown. O
mundo pra mim não passa disso: a vida é um pornô. Oh my fucking Gosh!
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