22 de março de 2015

Despedida



Ela se foi na mesma semana em que derradeiramente descobri quem era. Na teoria, pelo menos, embora na prática eu já a sentisse há tantas vidas. Ela morreu daquela forma: gradativamente complexada, com críticas sussurradas ao acaso, com olhares e indagações tão aparentemente inocentes. “Por que você faz isso? Por que você faz ela?”. Foi aí que ela começou a morrer, pobre moça. Eu a amava tanto, juro que a amava. Também juro que a sentia com todas as minhas forças mais juvenis, porque fazia parte de mim, fazia parte do meu não-oficial-ofício. Ela fazia parte da minha inútil, nada convencional e não considerável arte, porque ela era a minha arte. Naquela fatídica semana, logo quando finalmente eu a havia descoberto pelas vias teóricas de fato (embora estivesse numa linha de pensamento que andava cagando para as tão obsoletas teorias), a pobre e linda moça catacumbou-se dentro de mim, levada pela triste degradação minha, pela morte do meu gosto, do meu interesse, do meu despertar para a triste, cinzenta e insossa realidade.
Ela morreu tão tragicamente dentro de mim que nem lágrimas mais eu possuía para me despedir. Talvez minhas lágrimas estejam aqui nestas linhas, indiretamente um memorando último que não ecoará no tempo. Eu só queria me despedir de maneira justa, à altura de tudo o que a linda moça me proporcionou nos últimos anos.
Vá em paz, Poesia.


Um comentário:

  1. hahahah maravilhoso, eu pensei que era uma moça realmente, mas é uma dedicação linda à essa menina linda chamada poesia <3.

    Maravilhoso texto.

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