Você já lambeu um cu?
Lamber cus são pequenas, secretas e
vergonhosas provas de amor – quando, à parte, não configura um fetiche. Eu
lambi o cu dela e sempre soube que era amor. Ela me disse depois que aquilo
fazia cócegas, imagino que deva fazer. Lamber cus é prova de amor, havia em mim
essa sabedoria particular e ancestral cravada no espírito, um inconsciente
coletivo próprio, quase instintivo. Então li um poema de Bukowski: O melhor poema de amor que posso escrever
no momento. Fico feliz que, sem querer, trilhe eu o mesmo caminho lógico de
existência e de amor que trilhou o velho safado. O poema de amor fala sobre
amor e sobre como é amor quando você lambe o cu da mulher que ama:
“ela quer que eu escreva um poema de
amor
mas acho que se as pessoas
não conseguem amar os cus
umas das outras
e peidos e as merdas e as partes terríveis
assim como amam
as partes boas, isso não é o amor
completo”.
Bem, eu lambi o cu dela. Eu amei o cu
dela, beijei e movi a língua – de cima para baixo, de baixo para cima, esquerda-direita,
direita-esquerda e um pouco de cosquinhas. Lambi o cu dela e amei o cu dela,
embora todos ainda duvidem que verdadeiramente amei. Porém poucos lamberiam o
cu dela, exércitos inteiros de homens de mentira que enojam-se mesmo com o
aroma de bocetas jamais pousariam suas línguas em cus, pois lamber cus, quando
não no caso de estranhos fetiches, configura a mais indubitável prova de amor,
prova do meu amor.
Lambi o cu dela e falei
– ei, agora quando você me deixar no
final e me odiar por aí, vai dizer AQUELE IDIOTA LAMBEU ATÉ MEU CU eu vou ficar
conhecido como lambe cu
e ela dizia:
– para! Eu não vou fazer isso e
eu verdadeiramente não sei se ela
faz, mas a parte de me odiar e de me deixar concretizou-se. Eu não duvidaria se
um dia alguém na rua me chamasse de lambe cu. Aí eu saberia. Aí todos saberiam
que eu a amei de verdade mesmo naqueles tempos de guerra e de falsa trégua. Eu
a amei de corpo e alma, por dentro e por fora: da boca ao reto, da ponta dos
cabelos até os dedões dos pés. Amei-a por completo: nos peidos à noite, nos
cravos espremidos ou quando ela esquecia de dar a descarga.
Amei-a com aquele cu a ser lambido.
Lamber cus é uma prova de amor. Indubitavelmente
– eu já disse isso, certo?
Se até o velho Buk escreveu, então é
verdade.
Espero que ela esteja zombando disso
por aí
espero que ela esteja zombando da
minha cara e
da minha submissão
ou
talvez não, porque às vezes, só às
vezes, ser amado ou ser amada por alguém pode ser vergonhoso.
Como lamber cus.
lamber cus não deveria ser
vergonhoso,
lamber cus há de ser prova irrefutável
de
amor,
cus deveriam ser louvados.
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