16 de agosto de 2017

UM POEMA PARA AQUELES QUE QUEIMAM,




pois os deuses me banharam com
esta dádiva a dádiva da
loucura pois nas esquinas e nos
bancos e nas
praças e nas
salas e nos
quartos sussurrados e urrados de deboches
eles dizem que meu nome
é louco
eles dizem que meu nome
é louco
louco por amar e
louco por gritar e
louco por escrever e
louco por pulsar
pulsar e
pulsar num mundo onde pulsar
é proibido onde
pulsar é devotar-se ao
outro onde devotar-se e
pulsar
é
pecado
proibido
é pecado
pulsar.

Nova lei aquela a imperar
aquela a não pulsar
nova lei aquela a imperar
a supremacia do eu na ponta do
umbigo onde nenhum homem deitará
onde nenhuma mulher reinará
onde nenhuma alma sequer ousará
roubar
invadir
levar
transgredir o plano
bem bolado
e a bolha
não estourar
não roubar
não invadir
nem levar ou
transgredir o conforto
desfrutado.

Tudo o que foi construído com a
demolição
de cada tijolo
de cada pedra
de cada mármore
monumentado
na memória daquilo que se é,
mas se esconde da vista porque a
moda
é ser imune
porque a
moda
é ser cisado do fogo, porque a
moda
é ser blindado do apego e a moda é
dizer que este ato social está cravado em você
quando muito também está cravado em mim, neles e em nós,
mas alguns escolhem e alguns não querem blindar-se por
vergonha e louvam aos deuses do Egoísmo, pois alguns já nascem sabendo que
amar nunca foi sobre ser vulnerável
amar é sobre ter
coragem
amar é sobre ser louco
é sobre derrubar o
Monoteísmo do
sujo e modal
é sobre derrubar o

(santo)

Egoísmo e é sobre
admitir que unir-se não é
anular-se
é admitir que unir-se é loucura
é escrever é cantar é gritar é recitar é criar é pintar e é sofrer e é ser louco neste mundo onde
amar
é pecado
Pecado
Pecado
preguem os hereges
preguem os pecadores
cheios de pecado
pois eles têm
Fogo
ali
dentro
eles têm
Fogo, fogo, fogo
fogo ali dentro
fogo
fogo
fogo eles
queimam. 


(Felipe Santiago)





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