Coisas assim nunca vão acontecer com
você - e quem fala aqui é o lado mais
sujo e interesseiro da minha pessoa. Talvez você sinta uma inveja saudável,
aquela que não é corrosiva ou danosa às outras pessoas, mas que é extremamente
venenosa à sua própria alma. Ela vai te consumir, pouco a pouco, por longos
anos. Aliás, bastam meses. O tempo é relativo, e para quem sofre os
preconceitos do mundo, um dia de pensamentos pode equivaler à metade de um ano
inteiro. É sempre assim. As coisas não darão certo, não que você seja
desprovido de amor de família ou vida econômica e social estável, mas existem
coisas que mesmo as posses e os parentes não podem sanar. Coisas que você
deseja, no entanto, jamais te acontecerão. Suas ambições não serão concluídas e
tudo o mais vai dar errado, mergulhando num aquário particular sem fundo e sem
peixes coloridos; sem decorações, muito menos aquela “paz de espírito” que tal
ornamento promete te passar. Não há sorte, porque eu nunca acreditei em sorte.
Ou é acaso, glorificado pelas pessoas sonhadoras e imbecis, ou simplesmente é a
porra de um destino maior, tecido por uma existência que tudo sabe e nada se
importa. E antes que digam, este não é um texto pessimista, mas sim realista. A
realidade dos fatos que paira na minha cabeça e esmaga a porra de um coração
cheio de desesperanças e dúvidas. Porque no fim, não acredito que coisas boas –
aquelas que eu almejo, numa esperança humilde e inocente – irão me acontecer. E
é por isso que às vezes penso merda, é por isso que às vezes tento assumir
outra imagem para o mundo. É por isso que, de vez em quando, penso em desistir
de tudo (não no sentido literal ou suicida). A vida não é tão boa quanto os “maconheiros”
e gente sussa anda dizendo por aí. Não, não. Pelo menos, não pra mim.
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