Meus dedos quase cansam de te tocar
numa dança silenciosa, íntima, tão particular que nem mesmo os fetos de
especulações, presentes nos olhareis de terceiros, são gerados até o fim.
Passamos despercebidos entre troca de olhares secretas e discretas. Meus dedos embalam
por você: sobre as singelas curvas das pernas ou pelos pelos eriçados dos
braços, as estradas infindáveis da cintura, subindo e descendo nos vales que te
são os seios, excitados e duros de prazer num arrepio latente. Aí minha boca
descobre a tua, iniciando um caminho no pescoço, aventurando-se pelo queixo,
que te roçam as margens dos lábios para só então afundar nesse calor
irresistível. Você tem aquele gostinho doce, ligeiramente aguçado e açucarado,
que me lembra os limites que já ficaram há muito para trás. E minhas mãos
continuam a passear, trotando devagar, afogando-se em territórios mais
profundos, sentindo a temperatura de um oceano ardente, entre as pernas, um
roçar, um tato suave, delicado, mas sedento por luxúria. Eu te acalento. Você geme
baixo, tão inocente que beiro o arrependimento do ato. Desço fundo, finalmente
nos tornando apenas um: em supremo estado de liberdade, segue a libertação, uma
unificação transcendental. Nesse momento algum chakra é ativado, e agora os
gemidos são partilhados, duplos, num vai e vem constante, ritmado e contido.
Há quem diga que isso seja um erro,
há quem diga que estou sendo falso, por, neste ato, contradizer palavras que
antes pronunciei. Aqui não há culpa, porque não fui o primeiro a consumar – fisicamente.
Fui o último. E se passear pelo país diversificado que é o teu corpo for um
erro, então eu friso: não quero, jamais, estar certo.
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