Há um pensamento denegrindo minha paz
mental, talvez até a sentimental. Juro que estava tudo bem aqui dentro, as
coisas transcendiam caminhos taciturnos e tranquilos. Eu estava quase inabalável. Mas de repente surge
uma tormenta, rodopiando estruturas que por meses você construiu à base de
concentração e esforço. É um pensamento corrosivo, bem pior que a mais física
das substâncias ácidas. Algo que sempre temi, e que agora me veio revelado como
uma sólida verdade. Agora eu imagino e não há como não me sentir mal. Não se
trata de algo que me pertence, mas que, de certo modo, foi me tomado em uma
parcela importante. Chega a ser ilusão julgar que um dia seria ou será meu, mas
a consciência do acontecimento – da qual sempre tive – não anula o fato de me
deixar abalado. Imensamente abalado. Meus alicerces mentais já haviam secado,
agrupando-se numa solidez irrefutável. Agora, no entanto, uma implosão veio
banal, rápida e sem intenções de destruir. Mas
destruiu. Me pergunto por quanto tempo o pensamento continuará denegrindo e
corroendo a vã barreira que eu julgava indestrutível. O pior de tudo é concluir
que ainda sou extremamente frágil perante o determinado assunto que aqui
abordo. E eu que havia terminado com todos esses textos, estava sem inspirações,
nem mesmo vontades eu tinha de vir aqui escrevê-los. Era uma sensação boa. Tecer esse gênero de literatura sempre me
soou arrasador e é, sem dúvida alguma, um indicador básico da minha insatisfação
interior. Antes eu estava em paz, mas agora escrevo isso. Graças a um
pensamento incômodo, uma ideia pertinente e nojenta; algo que eu deveria ter feito, mas que o mundo não
me permitiu. Até quando?
Nenhum comentário:
Postar um comentário