É, ela não trouxe o Doritos. Não
trouxe sorvete, não trouxe nem meu biscoito favorito. Não trouxe nada de bom,
cacete! Eu avisei. E agora fico pensando como serão minhas madrugadas de
vadiagem. Porque amanhã tem festa e, como sempre, não posso sair; e também não
vou à aula, estou reprovado na matéria daquela bicha metida à simpática e
boazinha. De qualquer forma, reprovado ou não, eu nem iria mesmo, essa porra
não é pra mim e só faço gastar dinheiro com o ônibus. Aí fico acordando até às três
horas, imaginando se aquele papo de “a hora dos demônios na terra” realmente é
verdade. Puta que pariu. Um gato gemeu ali, parece uma criança sendo
sacrificada em ritual de magia negra. Odeio gatos. Odeio gatos. Morte aos
gatos. Morte ao Felis silvestris catus. Passou, voltou ao
normal. Maldita madrugada, à base de filmes pra baixar e séries que eu acabo
nunca assistindo, ou à base de parágrafos de livros que eu também nunca
termino. E ela não trouxe o Doritos. É, pelo menos tem miojo e coca cola zero.
Vou terminar aqui, nessa rotina de fim de noite e começo de dia. Tem sido um
saco. Sem grana, sem ânimo, sem namorada pra amar ou permissões para sair. Me
sobra a madrugada. Não tem Doritos, ela não trouxe a porra do Doritos. E ele
que tava lá, ilustrativo com a merda de uma embalagem vermelha e chamativa. Mas
ela não trouxe. É, tudo bem, mãe, não vou deixar de te amar por isso. Vou ficar
aqui na madrugada, curtindo a solidão. Me inspirar e escrever um texto desses.
Sobre Doritos, mas sem o Doritos.
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