Um dia ruim, com um desenvolvimento
ruim e expectativa ruim. Um desenrolar ruim, apesar da conclusão. Um dia ruim
terminando em palavras dançantes, um bailar morno, torpe, aquele extremamente
vertiginoso, às quatro da manhã, no final da festa. Um bailar que vaga em
ziguezague, bêbado, rindo da situação, mas não por ela ser engraçada. Não, não
tem graça nenhuma naquela merda. Um bando de outros dançarinos em volta, todos
curiosos por murmúrios em vidas alheias, todos sedentos pelo primeiro sinal de
vida nestes teclados malditos. Uma festa, um dia ruim e uma junção discursiva
sem sentido para os que se julgam cheios dele. No final, não sabem é porra
nenhuma. Filhos da puta. Todos uns abutres procurando por sinais, todos achando
que sabem meus passos, todos achando que sabem meus pensamentos e meus
sentimentos. Pois que vão à bosta todos eles, e que interpretem isso por
revolta – não é, mas eles nunca sabem fazê-lo, mesmo julgando-se os detentores
da absoluta interpretação. Um maldito dia ruim com limitações criativas. E eu
já não posso viver, porque os informantes me impedem. E eu já não posso viver,
porque os malditos informantes nem se dão conta que o maior interessado pela
informação que eles caçam e entregam nem sequer está ligando para o ofício
maldito. Povo sábio com pouca sabedoria, que interpretem mal! Que gargalhem de
minhas palavras achando que falo dos inferiores que eles inferiorizam, porém
nem ao menos sabendo que são eles os cocôs que despejo no ralo. Um dia ruim,
maldito dia ruim. Com uma boa resolução, apesar de tudo. Com boas reflexões e
boas notícias. Um dia ruim vale pra isso: mostra a verdade e clareia a mente.
Dias ruins são bons – eu quase havia
esquecido.