Meu norte é aqui. Não faz frio, não é
composto por moças de peles alvas e cabelos vermelhos, mas é tão lindo quanto. As
brisas não são gélidas, o ar não te escapa os lábios em lufadas densas, mas meu
norte é aqui. As mulheres são distintas, meigas e extremamente tímidas em sua
desenvoltura, quem sabe até salientes em sua timidez. Aqui não chove neve, mas
chovem mangas, o que é praticamente tão perigoso quanto. Aqui faz calor, muito,
muito calor, e quando não faz, chove um dilúvio que até Noé sentir-se-ia grato.
Meu norte é aqui. Dos cabelos longos,
lisos, espessos ou curtos, negros, loiros, cacheados, morenos. O que me faz lembrar, inevitavelmente, do dueto entre
Dylan e Cash. Não há como não lembrar, não há como esquecer, não há como apagar
da imaginação uma esguia garota, com cabelos esvoaçantes nos agudos do bom e velho
Bob, e a pele clara e olhos escuros no grave de Johnny. Por isso meu norte é aqui. Onde não neva, onde não faz frio, onde não
desce neve, tampouco correm lobos e onde, porém, corre o calor de uma linda
moça ao galgar de seu coração, a melodia da voz aos meus ouvidos e sua silhueta
no Sol de um úmido fim de tarde. Aqui tem calor, aqui tem suor, tem memória,
tem amor. Aqui ela anda, com cabelos
soltos, com livres passos e libertas palavras, viva alma e desejo de viver. É
onde ela pisa, é onde ela mora, é onde eu a amo. Por isso meu norte é aqui. Sempre será.
25 de julho de 2013
8 de julho de 2013
Larissa
Eu gosto desta parte da escrita:
dedicar a alguém algo de sua autoria. A arte te proporciona uma liberdade que
você não tem no verbal, tampouco no olhar. Enquanto aprecio uma garota passageira,
dizem as más línguas (ou os carentes de boa percepção) que penso besteira a julgar pela infinidade do olhar. Dizem – sem a menor certeza – que estou manicando, quando, mal sabem eles, que eu bem poderia simplesmente estar tramando as palavras para um parágrafo novo. É geralmente isso.
É aí que entra a parte boa em lidar com a escrita: posso vir aqui dedicar essas palavras a qualquer pessoa no mundo, levado pelos mais diversos sentimentos: afeto, amor, admiração, ciúme, cólera, depressão, desejo, excitação, egoísmo, fraternidade, inveja, tristeza. Mas de todos eles, o que mais me fascina é quando a imparcialidade de uma encantadora indiferença me trás a falar de uma bela garota. Indiferença. O que por vezes já me causou problemas torna-se objeto de inspiração para infinitos textos. De repente, me deparo com uma linda garota e a ela dedico o mais belo dos textos. Consequentemente, impressões erradas são causadas e aquelas que amam passam a pensar que estou amando outra. Isso é um problema que falta aos poetas desabafar. mal sabem elas que a musa em questão sequer nos fitou os olhos, sequer conversou conosco, sequer sabe que existimos. Mas dedicamos as mais lindas e sinceras palavras mesmo assim, pois há um risco a ser tomado. Aqueles que leem nem sempre percebem, e geralmente interpretam de maneiras deturpadas. É o dom da interpretação, afinal de contas, significando que a subjetividade do meu escrever está surtindo efeito, fazendo nascerem novas e diferentes concepções aos olhos dos leitores. Isso é belo, embora profundamente destrutivo. Destruí relações por isso - talvez tenha destruído a mais importante relação por essa razão, a julgar por tudo o que ela dizia, as desconfianças que possuía e o ciúme que nos engoliu. Volto a dizer: é um risco a ser tomado.
“A Japonesa”, Soulstripper - cito essa canção para frisar o que realmente me trouxe aqui. A arte traduz, tanto na escrita quanto na música e eis uma singela letra que traduziu tudo o que sinto ao escrever tantas linhas a garotas esporádicas que passam como vendaval diante do meu dia, diante das minhas semanas, diante do meu ano ou do meu semestre.
É aí que entra a parte boa em lidar com a escrita: posso vir aqui dedicar essas palavras a qualquer pessoa no mundo, levado pelos mais diversos sentimentos: afeto, amor, admiração, ciúme, cólera, depressão, desejo, excitação, egoísmo, fraternidade, inveja, tristeza. Mas de todos eles, o que mais me fascina é quando a imparcialidade de uma encantadora indiferença me trás a falar de uma bela garota. Indiferença. O que por vezes já me causou problemas torna-se objeto de inspiração para infinitos textos. De repente, me deparo com uma linda garota e a ela dedico o mais belo dos textos. Consequentemente, impressões erradas são causadas e aquelas que amam passam a pensar que estou amando outra. Isso é um problema que falta aos poetas desabafar. mal sabem elas que a musa em questão sequer nos fitou os olhos, sequer conversou conosco, sequer sabe que existimos. Mas dedicamos as mais lindas e sinceras palavras mesmo assim, pois há um risco a ser tomado. Aqueles que leem nem sempre percebem, e geralmente interpretam de maneiras deturpadas. É o dom da interpretação, afinal de contas, significando que a subjetividade do meu escrever está surtindo efeito, fazendo nascerem novas e diferentes concepções aos olhos dos leitores. Isso é belo, embora profundamente destrutivo. Destruí relações por isso - talvez tenha destruído a mais importante relação por essa razão, a julgar por tudo o que ela dizia, as desconfianças que possuía e o ciúme que nos engoliu. Volto a dizer: é um risco a ser tomado.
“A Japonesa”, Soulstripper - cito essa canção para frisar o que realmente me trouxe aqui. A arte traduz, tanto na escrita quanto na música e eis uma singela letra que traduziu tudo o que sinto ao escrever tantas linhas a garotas esporádicas que passam como vendaval diante do meu dia, diante das minhas semanas, diante do meu ano ou do meu semestre.
“Ela não é amor à primeira vista, não é paixão, não é um romance (...) Ela
não é o meu amor”.
Larissa? Talvez nem exista. Apenas mais um
nome qualquer nesse temporal incessante de belas garotas que vivem me
inspirando. Isso não me torna menos fiel ao meu
amor, muito pelo contrário.
Talvez eu veja um pouquinho dela em todas elas, e aí me torno meloso e
inspirado. Larissa? Ah, Larissa. Um milhão delas pelo mundo. Nenhuma delas
existe, porém, ainda assim, existem numa inexistência inalterada num turbilhão
de cores de cabelos, olhos e pele, entre tamanhos e espessuras, sentimentos e
dores. Larissa? É, nem conheço. Ela até poderia se chamar Isadora, Ângela,
Beatriz, Débora, Ellen, Fernanda... Poderia seguir a ordem alfabética inteira,
passando pelos G’s de corpo pequeno, pele morena e coração imenso; planando
sobre os infinitos M’s de olhos claros e sobrancelhas grossas; S’s de costas
pequenas, defeituosamente lindas e tímidas; poderia tomar um pouco de ar fresco
pelos R’s com a cor do pecado, de compreensão imensa e amor infinito; Ficar
preso pelos Y’s de olhos castanhos intensos sob a luz do Sol das nove da manhã.
Eu poderia... poderia... Tantas combinações, tantas admirações, flutuando num
arfar cada vez mais intenso, porém sem ter grande amor, sem ter grande promessas.
Apenas a admiração de uma música como a da Japonesa.
Larissa de mil nomes, mil corações, mil
existências.
“Ela que podia ser tudo pra mim, fica
insistindo em não ser nada. Por mim tudo bem”.
5 de julho de 2013
A discrição de uma mulher
Ele a chamou, ela virou depois de
minutos, poderia ter sido após horas, fosse o tempo que fosse. Depois de tanto
estar ali, resignada e introspectiva, deparei-me com este olhar, tão discreto,
tão impenetrável e imperceptível, que deixa quilômetros de margem para a dúvida
– ainda não tenho certeza. Ela olhou ou não
olhou? Com ou sem intenção, dirigiu-me um olhar, tão breve que me trouxe a
este vão texto. Por uma fração de segundos, enquanto minha cabeça pendia baixa,
sua leve doçura feminina fitou-me, valendo-se da brecha que ele proporcionou ao chama-la. Ela olhou,
cruzei com seu olhar e, com a mesma discrição que falta a todos os homens,
fugiu-me da mesma forma que um segundo antes fora minha – se, é claro, estivesse realmente olhando. Olhou ou não olhou? É
admirável a discrição de uma mulher, a forma como se esconde e analisa um mundo
inteiro com olhos tão serenos e secretos. Queria eu conseguir ocultar a devoção
que as órbitas minhas denunciam, porém não consigo. É isso o que faz de mim um
homem, e não uma mulher.
2 de julho de 2013
Letra
Quando ela te disser que uma música a
faz lembrar você, não sinta-se feliz, não sorria, não se empolgue. Não seja
infantil ao ponto de não notar o real significado nas entrelinhas. Quando ela
te disser que uma música faz lembrar sua pessoa, não corra para fazer download
do som e colocar no seu celular, não fique feliz ao escutar aquela melodia,
imaginando que “ei, ela ainda se importa, ainda há esperança”. Não seja idiota,
seu panaca. Ao invés da atitude estúpida
de criancinha, procure ler a letra, procure não ser burro, não perca as bases. De
todas as músicas que você escuta e sempre procura conhecer o significado das
letras, não anule justamente esta do seu hábito normal de descobrir o que diz.
Não seja tolo ao ponto de subir ao mundo das nuvens e esquecer de lê-la, não cometa este erro. Não queira
descobrir, meses e meses depois, que aquela música falava, basicamente, sobre
um alguém que se perdeu no tempo, mudou e perdeu a importância – pouco a pouco. Talvez, se você tivesse
reparado neste pequeno detalhe, ainda restaria oportunidade para mudar as
coisas. Você daria mais atenção à letra e voltaria no tempo, se daria ao
trabalho de não mudar para pior e conservaria todas aquelas boas características
que te fizeram ganhar o coração dela. Se você, seu fodido burro e ignorante, tivesse fugido deste erro tolo e vil, então
sua vida seria outra e suas crenças, hoje, totalmente distintas. Talvez, só
talvez, você estivesse em paz consigo mesmo, ciente de que ainda haveria um
futuro no pequeno lampejo de esperança que teria sobrado. Se você tivesse se
dado ao trabalho de querer ler o verdadeiro significado de uma estúpida letra,
ah, então teria notado o recado que ela te mandou.
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