16 de setembro de 2022

Roupas penduradas


 



Um conserto

e um (nem tão) longo diálogo 



 

Há muitas formas de se dizer não. Certos nãos para certos ouvidos são inaudíveis. Clarice não ouve o meu não. Ela não faz questão de escutar, pois seu projeto de amor ou o que acha que isto seja é como algodão a tapar os ouvidos dos defuntos: bloqueiam os lamentos do luto, o choro das viúvas e as dores dos filhos desamparados. 

Há muitas formas de se dizer não e gastei quase todas elas. Ela não me ouve na recusa dos convites, não me ouve na persistência da ausência. Ela não me ouve nas juras de fidelidade a ela não proferidas e nos poemas à outra escritos. Ela não me ouve na delicadeza dos meus eufemismos sobre o mês de Julho que passou distante, durante a viagem que fez a outro estado, na boca do boy beijado e nos sonhos que com ele surgiram. Ela não ouviu como tudo isso me soou conversa desconexa, assunto desinteressante.

Clarice se remexe na cadeira. O sol, do outro lado da baía, ora brilha por trás de seu nariz, ora oculta todo seu rosto. Ela me pergunta se eu não quero mudar de posição, porque

o sol tá dando bem na tua cara.

não, obrigada, tá tudo bem, eu respondo.

Clarice bebe o café com leite amargo na xícara e me justifica que

gosto de misturar com leite, só que também gosto de manter o amargo do preto. É estranho, né? 

Não, nem é tão estranho assim, cada um tem seu jeito de tomar café, eu comento.

Ela pousa as mãos de longas unhas recém-feitas sobre meus joelhos, um ato que pareceria banal se ambas ainda não tivéssemos medo do mundo, de suas vigílias casuais e de seus cochichos entre amigos e família, sobretudo em público. Restringindo-o de nosso afeto, em lugares e em tempos como este, nossas bocas permanecem separadas. Mãos dadas é um risco absurdo, já toques e abraços são mais passíveis de se relevar.

O crepúsculo dá o ar da graça e o movimento dos bons senhores e das boas senhoras de família começa a aumentar. Estamos ambas sentadas em volta da mesa de madeira, vestidas com roupas leves e casuais para permitir que o vento da orla belenense nos atravesse e leve embora o úmido calor de 35ºc de todas as tardes de setembro.

Por que tu me chamaste aqui?, ela pergunta com um brilho incontestável nos olhos.

A tarde tava bonita, respondo com a primeira mentira.

Ah, duvido muito.

Tu duvidas da tarde?

Não, duvido do motivo.

Um fato, pelo menos, é que a tarde não deixa de estar bonita.

Vai, me diz. Qual o motivo?

Esboço um sorriso. Relutante, minto a segunda vez quando escolho dizer que 

é só saudades, eu tava com saudades.

Saudades, é?

Queria te ver, é isso. Conversar, talvez. A tarde tá bonita.

Clarice alarga um sorriso e deslizo na tragédia da inverdade. Se é neste momento que devo controlar minha autoestima, e se, é claro, de autoestima trata-se minha conclusão, disso nem eu sei. Entretanto, imagino-a retrucando minha resposta desejada, aquela que coça na ponta da língua, aquela que, mesmo sequer estando oficialmente juntas, equilibro-me em ovos para da melhor maneira proferir — e, por consequência, afasto-a com agradável mentira. 

Se desnuda, se desmascarada, se minimamente por baixo na posição afetiva da vulnerabilidade, Clarice é capaz de ofender-se. Ofendida, move montanhas. Com montanhas movidas a seu favor, tempestuosos ventos soprariam e miseráveis seriam as reles choupanas no caminho. É o que me afasta da verdade: o medo banal das consequências de um flerte casual, a tempestade de sua boca, vez ou outra beijada, e já tão temida.

Clarice nega diante de toda a cidade e de colegas em comum o que os brilhos nos olhos, as mensagens privadas, os pedidos absurdos, as situações constrangedoras e o disse-me-disse entre amigos me sugerem como verdade consolidada. Apesar da negação, seus olhos permanecem aqui, imutáveis, mais brilhantes que o sol da tarde. Acovardada, e me equilibrando bamba sobre os ovos, dou de ombros.

Me conta mais sobre o boy de Floripa: tens conversado com ele?, tento disfarçar com outro assunto, cutucando a paixão de verão que ela tanto tagarela desde meses atrás.

Bastante, todo dia. A gente sempre troca mensagens e conversamos toda noite, mente ela pela primeira vez.

E aí?

E aí o quê?

E aí, como é que é?

E aí que é ótimo.

Ótimo como?

Ótimo-ótimo.

Balanço a cabeça, fingindo interesse e qualquer outra máscara de empolgação. Sorvo meu café preto. Atolado de açúcar, ele alivia a bile impaciente que importuna meu estômago. Quantas formas de se dizer não ainda existem no mundo?

Tu pensas em voltar pra lá?, pergunto por fim.

Todos os dias, mas não tenho como… sabe… tenho que juntar grana, arrumar algum emprego. Não posso simplesmente só ir, ela mente para mim pela segunda vez ou talvez esteja, na verdade, mentindo para todas as falsas amigas que a mim vazam informações.

É Santa Catarina, não serias a primeira paraense a ir na cara e na coragem.

Isso é verdade.

E o pessoal daqui sempre se encanta e encontra uma vida melhor por lá. São os ares sulistas, acho. Todo aquele refinamento social, o elitismo racial, a certeza da superioridade. Molda a personalidade. Talvez faça bem pra ti, o boy tem até olho claro. Acho que devias investir nessa viagem.

Clarice até sorri, apesar do muxoxo impaciente.

Tu queres que eu vá, então?, pergunta ela, sugestiva.

Indiferente, tentando ocultar o não da obviedade mais óbvia, balanço a cabeça e digo 

acho uma boa, tu encontraste um cara bacana e não babaca. Aproveita. 

Sei lá, hein? Tem gente boa por aqui, às vezes mais perto do que a gente imagina.

Sorvo o café outra vez. Minha face é uma pedra de mármore, fria e descarada.

Não sei não, mana. Do jeito que tu falaste tanto dele, acho que é essa a tua chance. Agarra. Não é todo dia que a gente encontra o amor-da-vida assim.

Será? Ela se inclina na cadeira, o brilho nos olhos ainda ali, só que agora irritadiço. Procura a minha mão e nela entrelaça os dedos. Em seguida, deita a cabeça no meu ombro e pergunta tu me chamaste aqui pra isso? Pra me dizer que tenho que ir embora?

Penso dizer que sim, reluto em dizer que não, porém me calo. Após breve formular de pensamentos, respondo que 

não, pior que não, mas é um assunto importante, já que tens estado tão infeliz com esse calor, com essa gente mal educada, com essas ruas esburacadas e com esse tédio de lugar pequeno sem prosperidade.

É verdade. Eu deveria cair fora.

Tens um ótimo catalisador agora: o boyzinho de Floripa.

Sei lá. Vamo juntas?

Não, eu gosto daqui, respondo minha primeira verdade.

Ela se aninha um pouco mais a mim, ignora os estranhos e disfarçados olhares que ousam nos atingir desconfiados, e diz que 

tem algumas boas razões pra eu ficar, sabia?

Mantenho a indiferença. Acima de tudo, não correspondo à aproximação ao perguntar 

quais razões?

Meu Deus, às vezes acho que o que tu não acreditas sobre horóscopo, compensas incorporando o teu signo.

Como assim?

Sonsa. 

Ela aperta a minha mão em protesto e de imediato se afasta, irritada.

Como assim?

Nada. Deixa pra lá.

Quais razões?

Eu já disse que nada, não é nada.

Em silêncio, voltamos, cada uma, aos nossos cafés. As crianças passam correndo e gritando, casais e famílias passeiam com carrinhos de bebês e o sol, do outro lado do horizonte, já assume um brilho alaranjado, pouco a pouco mergulhando para oscular as ilhas da cidade. Ouso cortar a tensa calmaria ao afirmar que

viu? É essa tua insistência em ficar. Aqui não tem nada e isso te deixa infeliz. Só quero a tua felicidade, minto pela terceira vez, e depois dessa viagem que tu fizeste, acho que talvez ela não esteja aqui. Vale a pena arriscar, não vale?

Já entendi que tu me achas uma amargurada infeliz e queres que eu vá embora.

Clarice, eu juro, não é isso, amanso a voz, mentindo para mim mesma, agora na quarta vez.

Então que porra é essa de insistência pra que eu vá?

Tu me pareceu tão apaixonada durante aquela viagem, sinceramente achei que isso fosse uma solução pra ti e pra essa angústia de viver aqui.

Apaixonada? Por favor…

Ok, vai. Empolgada.

Ora, "empolgada"...

Tenho o impulso de puxar o celular, de mostrar as mensagens, os floreios, as declarações contínuas e diárias na rede social do Bluebird.com, os textos fajutos em blog literário de internet ou os áudios inaudíveis dos quais eu não teria interesse de escutar mesmo se por ela estivesse apaixonada. No fim, nada disso importa porque nada disso é a minha razão verdadeira. Continuo me afastando, temerosa pela tempestade e, sem querer, dando início a uma bem maior.

Ele nem foi o único com quem fiquei em Floripa, tu sabes, ela afirma, categórica.

Mas…

Ora, "apaixonada"! Eu, apaixonada? Ora, ora!, ela diz como quem rechaça o pior dos insultos.

Então o boy de Floripa não foi nada?

Ela gesticula uma resposta, então hesita. Dizer que sim, que a casualidade com o florianopolitano foi banal, destruiria o fato tão aproveitado como estratagema. Caso afirmasse o contrário, acabaria por me desviar da estratégia, e tão logo o boy perderia a função provocativa em terras belenenses.

Não sei por que tu tens insistido tanto nesse assunto, diz ela finalmente.

É só porque toda vez que a gente não se vê ou acaba não ficando, tu falas dele. Aí achei que o boy fosse importante.

Contrariada, Clarice balança a cabeça. Para trazê-la de volta, cantarolo que

se eu tivesse asas como a pomba de Noé, eu voaria através do rio para aquela que eu amo.*

Ela sorri, levemente desarmada. 

De quem é o poema? 

Não é poema. É só uma música, abano as mãos.

Queres ouvir uma música também? 

Claro.

Ela puxa o celular da bolsa e abre o aplicativo do YouTube. Rola o dedo, digita com as longas unhas pela tela. Um solo de violão entra em modo acústico. Nando Reis inicia a letra com um pedido de desculpas, porque anda um pouco atrasado e confessa esperar que ainda haja tempo, pois andou errado e disso entende.

Já escutou? Clarice pergunta.

Não.

Não?!

Não.

Como não?

Desculpa, não. Ainda não tinha escutado. Mas eu gostei muito.

Se chama Por onde andei. Eu sempre escuto e lembro de ti. 

Ah, é? Por quê?

Tu ficas aí o tempo todo sisuda, impenetrável, no fundo fingindo que não se importa comigo ou que não tá me procurando. Toda errada, à mercê, aguardando pra ser corrigida.

Corrigida como?

Consertada, ela corrige, consertada. A garota perdida e sem coração que precisa de alguém pra amar e finalmente ser consertada.

Eu não preciso de conserto, balanço a cabeça.

Sei.

E se eu já amar alguém?

O quê? A garota dos poemas? 

É. 

Clarice sorri com a autoridade inerente dos meses de Maio e Junho, e no mesmo tom de deboche, pergunta

Por favor, cadê ela agora?

Beberico o café por pura necessidade de reação. Para não alongar o silêncio e fugir do beco, pergunto se

tu queres que eu fique? Que eu te deixe entrar pra ser a garota que vai me consertar?

Seria legal.

Então o boyzinho de Floripa foi, o quê, só pra me fazer ciúmes?

Ah, garota, vê se se toca! Ela puxa o celular e fecha não só o YouTube, como também a cara. Tu estás é se achando muito pra pensar que eu uso alguém só pra te fazer ciúmes, né? Puta merda, que sem noção! Sem-noção. Eu fiquei com ele e foi ótimo, aliás, foi maravilhoso, tem sido ótimo quando converso toda noite com ele e quando ele me chama pra voltar e… bom, enfim, mas achar que eu tô desse jeito caída por ti? Por favor. Eu até fico com outras pessoas. 

Eu sei, eu também fico, respondo. Assumo a inocência de meu horóscopo com um sorriso sincero.

Fica, é?

Uhum.

Com quem? 

Não é muita gente, mas é normal, né? Tu ficas, eu fico. A gente até fica uma com a outra, né?

É!

Pois é.

Súbito, ela levanta a mão e chama o atendente do restaurante. Irredutível, pede a conta.

Ei, Clarice, tu não precisas ir embora. Me desculpa por achar ou dizer o que eu disse. Fica aí, não vai embora. A gente conversa e…

Tá tudo bem. Deixa pra lá.

Fica aí.

Não. Eu já vou. Mas tá tudo bem, não se preocupa.

Não tá nada bem, Clarice. Fica aí, bora conversar.

Deixa. Tá tudo bem. Eu já disse, tu não escutou? 

O garçom retorna. Intransigente até sobre a conta, Clarice entrega ao sujeito o valor referente ao próprio café, negando minha oferta de pagar. Em seguida, e já querendo fugir daqui, o garçom me pergunta qual a forma de pagamento. Respondo

deixa aí, porque ainda não vou embora. 

Clarice me fuzila com os olhos e espera o garçom se retirar pra questionar

por quê, raios, tu me chamaste aqui hoje?!

Foi só pra conversar, sem motivos especiais, respondo. 

Tu me chamaste aqui pra ficar me amolando com isso. Se tu estás com ciúme dele, então é só dizer. Não precisa ficar me convencendo a ir embora de Belém.

Espera, o quê? Ciúmes?

Só pode. A gente só fica, por que estás com ciúmes assim? Só pode ser isso.

Sorvo o último gole de café. Queimo a ponta da língua, queimo a goela e também a cara. Minha súbita vontade é a de rir, abismada. Sentada e olhando-a de baixo, os olhos de Clarice não estão brilhando, tampouco irritados. Levemente, muito levemente, eles estão vitoriosos, cheios de si pela perspicácia do jogo virado. Nunca por baixo, nunca minimamente vulnerável.

Ok. Vou ser sincera, digo por fim.

Ah, finalmente.

Te chamei aqui pra tentar ser legal e tentar dizer pra gente não ficar mais, Clarice.

Tu me chamaste aqui pra terminar? Cara, a gente só fica.

É, a gente só fica, mas por que eu não me sinto assim?

Sei lá, estás emocionada.

Emocionada? Tu me pediste pra não ficar com mais ninguém na semana passada. Tu ficas em cima de mim praticamente me monitorando com qualquer uma que esteja por perto; eu tenho que aguentar teus questionamentos sobre com quem saio, o que fiz, e ainda aguentar ceninha de ciúmes em grupo de Whatsapp.

Ah, eu tava brincando, cospe ela, ofendida. Tu não sabes brincar? Pelo amor de Deus!

Ok, então foi brincadeira.

Foi o que foi, mas se tu não sabes brincar, então vou parar, não te preocupa.

Só te chamei pra isso. Eu gosto demais de ti, Clarice. Mas não dá, a gente, sei lá, deveria parar com isso.

Aí tu queres parar de ficar, de ficar, me chamando pra tomar café e ver o pôr do sol?

Eu só não queria agir feito um babaca terminando por Whatsapp.

Terminando o quê, pelo amor de Deus? É só um fica. Tu que interpretaste tudo errado, se emocionou e agora tá assim.

Tá bom, Clarice. 

Mas se é isso que queres, tá tudo certo: a gente termina, ela sorri, levemente irônica, ante a pronúncia do verbete. 

Tá bom. Me desculpa.

Pelo quê?

Por não saber dizer não.

Com bochechas e orelhas avermelhadas, ela prende o início de uma gargalhada, então diz que

eu já vou embora, ah, e não precisa vir atrás de mim.

Tá bom, Clarice. Tchau. Cuidado. E me desculpa de novo.

Tanto faz. Não vem atrás de mim.

Tá bom.

Não precisa vir.

Ok.

A passos de gigante, ela se afasta, relutante. A cabeça balança como quem nega uma acusação de crime hediondo. Respiro fundo, tento não reagir ao absurdo de nossa discussão. Quando ouso olhar para trás, Clarice também me olha. Está parada, incrédula, aguardando pela improvável impossibilidade de que, talvez, eu me levante e a impeça de partir.

Aceno e gesticulo com os lábios, e quase de forma didática, um tchau, toma cuidado. Aqueles olhos que antes só tinham brilho agora são puro sangue e revolta, pois é inadmissível que a eles o mundo não se dobre, é blasfêmia que a eles as plateias não acatem suas vontades e é ofensivo que para eles os amantes não cumpram com os planos.

Talvez seja o calor concentrado nas bochechas, porém sinto a queimação no rosto, concentrada, acumulada, a respiração levemente ardida e suspeito muito que seja por conta da cafeína quente. Abro meu celular, rolo o dedo pelo Whatsapp, ensaio um desabafo na mensagem das minhas amizades mais próximas – que, atualmente, restringem-se a três únicas pessoas. Queria ser como Clarice e ter uma multidão de amigos e amigas, cada um para cada ambiente e círculo diferentes da cidade, mas é só o que me sobra. Ao fim, nem chego a enviar a mensagem.

Ao invés disso, abro o aplicativo do Bluebird.com e nem vinte minutos após a partida de Clarice, já há um microtexto dela:

 

@claricigana_19: A @, empolgada, te convida pra ver o pôr do sol só pra te dizer que quer terminar (ATENÇÃO) um fica. UM FICA. Dá pra acreditar? E sequer foi capaz de pagar a conta. 18:06 PM · 16 de set de 2022 · Bluebird.com for Android

 

 

Nem vinte minutos depois e o microtexto já acumula 23 respostas. E contando...

 

...

 

@chuvadefevereir0: Maaaaaaaaana. 18:07 PM · 16 de set de 2022 · Bluebird.com for Android

 

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@jujubebanvls: Quem foi essa já? 18:08 PM · 16 de set de 2022 · Bluebird.com for iOS

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@sup3rk4mill: Mana, coraaaagem. 18:09 PM · 16 de set de 2022 · Bluebird.com for Web App

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@prettylittlelay03: É quem eu penso que foi? 18:11 PM · 16 de set de 2022 · Bluebird.com for Android

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@yasalvespiccon: ai, amiga, olha, eu bem que te avisei! 18:14 PM · 16 de set de 2022 · Bluebird.com for Web App

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@rayreceba22: te falei pra aceitar meu convite pro cinema rsrsr. 18:16 PM · 16 de set de 2022 · Bluebird.com for iOS

...

 

   

Peço mais uma xícara de café. Preto. Estupidamente adocicado. Sorvo a bebida novamente. São seis e dezoito e o Sol ainda está brilhando, pois assim são as tardes de setembro. É um sol forte e alaranjado que paira no céu limpo, sem nuvens, sem tempestades, embora outro tipo delas estivesse prestes a começar. Um ótimo sol para secar as roupas que eu nunca havia deixado penduradas – coisa que, sinceramente, Nando Reis deve desconhecer.





* If I had wings like Noah's dove / I'd fly the river to the one I love

(Dink’s Song – Bob Dylan)