23 de junho de 2013

Cartas na Mesa



É o seguinte: por Deus eu superei a fase de carência afetiva. Por Deus, se é que ele existe, estou livre (e faz um tempo) daquela necessidade latente de querer me unir a alguém, o que me faz concluir que, mesmo nunca estando num relacionamento de fato, eu não sou feito para isso. Sou medíocre, ridículo e assisto desenho. Sou preguiçoso, tenho uma extrema e grandiosa falta de vontade de visitar amigos, quem dirá ir todo dia à casa da namorada, gastar dinheiro com ônibus quando poderia estar, hm, gastando com... livros? Coca-cola? Cup Noodles? É, é por aí. Aliás, os gastos seriam exorbitantes e isso seria inválido para investir em uma só pessoa. Sexo? Ora, posso pagar uma profissional. Vejam bem, não é por mim, e sim pela pessoa: eu não desperdiçaria o tempo de uma garota amável e maluca que optou se juntar a mim neste laço lindo e glorioso de tão belo sentimento. Sentimento verdadeiro? Da minha parte? Amor? Hm, não sei, pouco tenho certeza, duvido muito. Eu não seria verdadeiro, não recitaria as palavras tão esperadas. Aliás, falo isso levando em consideração o fato de alguém sentir-se atraída por mim, o que é estatisticamente muito difícil. Algum de vocês já me viu pessoalmente? Eu sou ridículo. Sei que a coisa toda da aparência física é pouco importante para aqueles de bom caráter, mas para mim é incabível, porque eu sou incabível. Talvez se apaixonem pela minha escrita, pelos meus textos, pelas minhas palavras digitadas. Mas só isso. É isso o que as garotas gostam em mim: não necessariamente eu, mas os textos, os contos e as crônicas satíricas de um alter-ego igualmente fodido. Isso me faz ser atraente, porque vocês estão à frente de uma tela de computador, lendo coisas que fazem de mim algo que são sou. É só o que sei fazer de bom, o que necessariamente não me torna bom. Vocês já conviveram comigo? Sou ridículo, interna e externamente.  Falo merdas demais. No início, eram apenas brincadeiras, mas o tempo ao lado da solidão, da vergonha e dos complexos internos transformaram-nas em personalidade. Tornaram-nas reais. Eu me tornei isto: um desonrado perdedor, medíocre, sem voz ativa, desengonçado, magricela – alá aidético – e provavelmente com poucos anos de vida, levando em consideração meu estado de saúde. Julgo que quem arriscar passar tempo comigo, além de burra, louca e inconsequente, perderia uma parte importante da própria vida, já que eu não valho a pena. Terminarei daqui a pouco, em qualquer UTI de um hospital com um plano de saúde bom que não me salvará das inconsequências de saúde. Isso, é claro – e novamente -, levando o fato de que, mesmo aceitando todos estes segundos fatores, ainda teria de enfrentar a parte de eu não ser um bom namorado. Saíramos apenas ao cinema, porque é a única merda de lugar da qual vou, salvo alguns puteiros de dez em dez meses.
Então eu friso: sou inviável, uma perda de tempo para qualquer louca hipotética que neste mundo se interessaria em mim. É preciso também reciprocidade para que este relacionamento impossível acontecesse e, sinceramente, a reciprocidade é o maior dos problemas iniciais. Eu sou uma perda de tempo, deixo claro aqui para que qualquer pessoa deste mundo saiba e conheça meu ponto de vista. Julgando que não tenho lá muito tempo de acordo com meu ritmo de vida, quero que este texto esteja claro no meu pós-morte. Acabar sozinho será bom, porque assim me afundaria com meus próprios demônios. E, acreditem, eles são muitos. Quase infinitos.

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