11 de novembro de 2013

Jovem demais





 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­  Eu não vou me explicar de novo, porque você jamais entenderia, a idade e as experiências não permitem. Ninguém trilha o mesmo caminho ou bebe da mesma água que passa sob a ponte, portanto, acredito eu, você jamais entenderá como minha cabeça funciona. Talvez chegue perto, mas como a própria filosofia define: ninguém enxerga de forma igualitária o mesmo objeto de observação. Você é tão jovem, jovem demais, e isso que sente, a princípio, não passa do fogo desesperado que é a paixão. Não, não é amor, talvez não ainda. Só o tempo dirá. Não se ama do dia para a noite, não se ama em uma semana. Ama-se durante o tempo, garota, em meio às dores, às decepções e à carência de racionalidade ao caminhar para o abismo, mesmo sabendo que há ali um poço sem fundo. Existe ainda a grande questão do rótulo e essa necessidade monstruosa de um relacionamento para que Deus e o mundo vejam. É necessário? Ninguém aqui se esconde, demonstremos a todos o nosso afeto, que seja, eu não me importo com isso, mas forçar algo ante os olhos da sociedade já é leviano, superficial e urgente, desnecessário. Minha história faz de mim não um projeto de homem cauteloso e frio, mas sim extremamente ciente do que sente e quer. E a digo: relacionamento forçado e amor como nas linhas de Shakepeare? Não. Não, não é assim. Já fiz mil e um discursos sobre o quanto a felicidade independe de amor ou de rótulos sociais; a alegria não está em três palavras ditas, e sim nos gestos desmedidos ou desprovidos de vergonha, pressão e inconsciência duvidosa. Você é jovem demais para alcançar essa compreensão, até eu sou jovem demais e de aprendizado ainda tenho muito a agregar, mas no pouco que vivi, extraí o máximo de lições e com elas vim a este texto expressá-las.
 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­  Garota, juro, há algo que você precisa aprender ainda, algo que ultimamente pouco anda entendendo, por mais que eu repita e repita as mesmas demonstrações de afeto. Aliás, é... Quando demonstro afeto e preocupação, você chora por eu não pronunciar simples três palavras. Maldita frase utópica. Eu já errei ao proferi-la – tinha 14 anos desde a última vez que o fiz e, de lá pra cá, quando pronunciei verdadeiramente, fui interpretado como mentiroso e tudo o que recebi foram dúvidas. Tudo o que faço é digno de dúvidas, a propósito, especialmente com você. Demonstro meu carinho, demonstro meu afeto, mas você não há de acreditar de qualquer forma, pura e simplesmente em função do meu silêncio quando questionado: “Você me ama? Por que não diz que ama?”. És jovem demais e um dia entenderá que anda agindo equivocadamente. E que fique claro uma coisa: não sou eu quem a ilude, é você mesma quem o faz, forçando-me agir com um sentimento grande demais que não surge assim de uma semana para a outra; é você mesma quem se ilude achando que “amor” é simples, rápido e arrebatador assim.
 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­  É você quem se ilude, pequena. Talvez por ser jovem demais.


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