9 de março de 2015

Cavaleiro das Trevas (Parte 1)



E o esdrúxulo cavaleiro sairá abatido, como todo bom e velho ser humano. Não aos moldes “adolescentes” de abatimento, mas um abatimento verdadeiro, merecedor de crédito, porém mais incisivo, centrado, menos insano e descontrolado. Um abatimento típico dos homens velhos, que se abatem e sabem admitir que “foi necessário, próxima rodada”. Não há motivos para alardes, tempestades e encarnações ultrarromânticas, é apenas um fim como todos os outros, com a única diferença de que, nesta ímpar e peculiar situação, o protagonista deste lado da estrada será não somente abatido, como mal visto, criticado e repudiado. Não que ele não esteja acostumado. Esse, meu amigo, é o preço por construir uma capa que, dependendo do espectador, sempre teve duas versões: a bobinha e a canalha. E o segundo lado está virado para cima agora, o lado da faceta mais torpe, suja e sem escrúpulos.
O pobre abatido não se importa de ser visto assim, não se houver no fundo um motivo e um propósito maior, quase com um tom enlameado de sacrifício. Talvez ele até se sinta como um particular novo tipo de Jesus Cristo, pregado em uma cruz que já estava fincada no chão há muito, muito tempo; talvez ele até se sinta como um particular novo tipo de Cavaleiro das Trevas, que nunca, jamais foi o tipo reto de herói (nem de longe), porém iniciou sua carreira com bons motivos e intenções.
Pobre herói. Pobre anti-herói. Pobre vilão. Que sua cabeça agora esteja a prêmio, que agora ele realmente seja aquilo que os outros querem que ele seja – talvez seja mais fácil. É o preço de um bom sacrifício. É o preço da paz.



CAVALEIRO DAS TREVAS (PARTE 2)


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