15 de abril de 2014

Dias de silêncio



São estes os meus dias de silêncio, onde não há nada a atormentar, nada a pensar, nada a escrever. Dias que eu comparo à felicidade para um autor decadente, embora não passe das mais pura e benéfica indiferença. Dias calmos, sem intrigas, sem conflitos internos, sem interferências da mulher amada ou da mulher desejada, sem interferências da luxúria, sem interferências do desejo, da ganância, do sucesso. Dias calmos, pacíficos, dias onde nada me empurra ao precipício das metáforas ou das crônicas, contos e blasfêmias. Dias esses perfeitos a qualquer um, perfeitos aos impacientes, aos enfermos, aos pais de primeira viagem, a qualquer um que ouse julgar-se normal ou dramático, porém dias profundamente massacrantes e contra produtivos àqueles ligados a este ofício. Perturbador, desafiando todos os sensos interiores de obrigação e auto satisfação; dias de paz, agindo sobre os escultures de palavras como a mais profunda e negra representante da procrastinação, da preguiça maldita, do relógio que esvai e joga no lixo mais uma hora de suas vidas distante dos teclados, da cadeira, das bebidas, das dores inspiradoras. Dias de calmaria e dias de silêncio, imperando para mostrar que nem só de tempestades fazem-se as agonias e as perturbações. Pois o silêncio, ele é esmagador, assassino e mortal, sobretudo àqueles que de um “nada” importante sobrevivem. Sobretudo a esses pobres coitados. Malditos sejam.

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