12 de junho de 2014

Eu não sou uma fábrica de escrever



Eu não me orgulho disso, mas algumas verdades precisam ser ditas.
Pobre linda, pobre moça. Acha-me um monstro até hoje, e talvez esteja certa. Mas eu não sou uma fábrica de escrever, porra. Não é tão fácil, porém não é difícil. Escrever é como respirar: um ato involuntário, você só se deixa levar, sem pressões, sem pesos na consciência, guia-se pela cabeça e deixa-se conduzir pelos dedos ágeis. É simples, esta parte, quero dizer, é a parte simples. E agora a difícil: não me peça para escrever algo para você, como fez tantas e tantas vezes. Me perdoe, minha querida, mas não rola, sinto muito. Não é assim que a banda toca aqui, não é tão simples encher linguiça em cima de nada. Eis aqui o monstro confirmando sua própria monstruosidade: você me foi um nada literário tão vazio quanto a importância da vida de um desconhecido caminhando na calçada no outro lado da cidade. Desculpe, querida, mas eu nunca vou poder escrever sobre mulheres a quem não sinto amor, devoção, tara ou obsessão. Eu não sou uma fábrica de escrever, porra. Visão poética não se tira da manga tão facilmente quanto você imagina, muito menos sentimentos que não existem. Continue me odiando por nunca tê-la dedicado uma linha sequer, continue me odiando por sequer tê-la amado. Não, essas coisas não são fáceis, tampouco intencionais, mas... Ora, você iria entender qualquer merda sobre isso? Não, não mesmo. Então que eu continue para você sendo um monstro insensível, embora tenha me feito feliz pelo tempo que durou. Não preciso repetir aqui que você não é ela, e como “todas” já sabem, este é o preço a se pagar por chegar perto de mim.
Haverá sempre outra, querida. Mas isso é um outro texto, uma outra crônica para outra hora – breve, tão breve, ou simplesmente nunca.
Vai saber. Eu não sou uma fábrica de escrever, lembra?
                                                                                                


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