Vencedores e perdedores.
Em uma mesa de bar.
Ou numa festa suja, com banheiros imundos, num
trapiche, num Domingo à tarde. É assim que você vence, meu chapa, você se
convence que está tudo fodido, com umas boas coisas aqui e ali, mas ainda assim
tudo fodido. E aí você bebe, simplesmente. É a última coisa a se fazer. Vira
aquela cerveja gelada, recém-saída do balde. Põe tudo pra dentro, como uma
prostituta bem paga para receber um homem atrás e na frente. Enfia tudo pra dentro. Simples e direto,
objetivo. Entenda a simples transformação: você entra um perdedor naquele
lugar, sem esperanças para beijos ou transas, só quer estar a sós consigo mesmo
em meio a tantas pessoas bonitas – e igualmente perdedoras. Aí você bebe.
Esquece o mundo, esquece tudo; esquece a prova na segunda-feira, esquece a
presença na terça que não terá, porque sabe que está pouco ligando para aprovações
e reprovações. Você está um lixo e só quer virar a página, nem que seja por um
instante, então esquece tudo e bebe. Simples.
Ou não. Não é sobre o quão beberrão você é, porque talvez nem o seja. Não é
sobre litros de álcool, às vezes, nem é sobre mesas de bar – entenda-as pelo
modo metafórico, às vezes uma boa mesa de bar não passa de um café na madrugada
ou dedos digitando no escuro. Seja você o perdedor que for, seja você o
vencedor que for, seja você amante de literatura Bukowskiana, seja você um
inexperiente espirituoso. Faça você o que faz, é aqui que vence: não existe
amanhã, não existe depois, não existem mais amores passageiros ou distrações
agradáveis. Você vence, por escolha sua. É a vida. Não é uma descoberta nova, é
algo que todos sempre soubemos, esteja a bebida envolvida ou não; estejam as
drogas envolvidas ou não; estejam as festas, estejam as lágrimas; estejam as músicas
mais profundas de um ruivo talentoso; estejam as poesias de um poeta morto.
É sempre preto no branco.
Em uma festa suja.
Em um computador digitando.
É sempre assim.
Preto no branco.
Vencendo.
Perdendo.
Em uma mesa de bar.
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