Eu gosto desses sonhos estranhos e
improváveis, desses extremamente românticos em que a amada está presente, porém
distante, sempre sumindo numa nuvem que se dissipa mediante um toque. Eu gosto
desses sonhos em que a menina que eu admiro, aquela bonitinha que faz um curso
promissor a três blocos do meu, se entrega ao meus braços numa cena pitoresca
de improbabilidade infundada, me beijando como se não houvesse amanhã ou
aceitando meus carinhos que pessoalmente eu sou incapaz de dar a qualquer uma.
Eu gosto desses sonhos malucos, com garotas lindas ou com a garota amada, em
que pela primeira vez na vida há um sentimento concreto de realização, por mais
utópico que pareça ser. Eu gosto desses sonhos estranhos e impossíveis por uma
razão profundamente sádica, dolorosa e masoquista – é que quando eu acordo com
os olhos inchados sob um rosto que transmite a verdadeira essência e aparência
de um demônio estuprado e decadente tamanho é sua beleza, posso lembrar que
aquilo realmente não passou de mais um sonho maluco com realidades que nunca
acontecerão e que nunca, jamais, sob hipótese realista alguma, se concretizará
numa meta alcançada ou numa força de perseverança digna daqueles idiotas que
levam a vida sob uma ótica cem porcento zen
e otimista. Eu gosto desses sonhos porque quando acordo, sou tragado à
minha realidade novamente, daí lembro que essas bostas não podem acontecer. Eu
sinceramente gosto desses sonhos, porque me reduzem a uma honesta, rasteira e
completa humildade. Gosto desses sonhos porque, quando eles se realizam (e que,
acreditem, vez ou outra assustadoramente acontece), a porcaria da surpresa e da
expectativa superada é sempre recompensadora.
Às vezes até os perdedores precisam ganhar.
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