Nossos
corpos são jaulas
Condenados
às anomalias do século
Fadados à
corda
Aos anseios
Às bolhas
sem ar
Ao silêncio
do grito
Às
patologias do sangue
Aos olhos
sombrios
Às retinas
inflamadas
Aos amores
inflados
Secretos,
Cuspidos,
Inchados
De vazios
não sanados.
Nossos
corpos são jaulas
De nossa
liberdade lendária
Das falsetas
dos sonhos
Dos pais
partidos
Das mães
devotas
Dos boatos
perdidos
Sobre terras
distantes
Sobre a paz
errante
Sobre curas
vindouras
Carregadas
com a promessa
De salvadores
alados
Da lábia
divina
Da antiga
mentira
De retornos desonrados.
Nossos
corpos são jaulas
De pulmões
presos
De sangues
impuros
Da mácula
Dos filhos
malditos
Da cegueira
Dos pés
inchados
Doloridos
Cansados
Que já não
podem fugir
Que já não
podem correr
Que já não
podem voar
Que já não
podem pisar
Nas Terras
d’outro corpo.
Nossos
corpos são jaulas
São celas
seladas
São
correntes atadas
Em nossos
pulsos marcados
Por nosso
passado cortado
Com
pálpebras que nunca teremos
Dos heróis
que nunca seremos.
Nossos
corpos são jaulas
Espaço
cercado
Claustrofobia
profana
Em espaço cerrado
Do qual
Livres
Jamais escaparemos.
(Felipe Santiago)
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