7 de julho de 2011

Palavras que vivo, vidas que escrevo.


Qual o valor de um texto? O que estas linhas podem nos trazer? Mensagens, lições, desmoronamento, esperança? Podem, estas linhas, nos acolher de uma forma tão profunda ou nos jogar no chão com uma imprevisível rasteira? E os homens e mulheres que digitam estas palavras, ou as crianças que se arriscam a rabiscar o caderno? Realmente vale a pena gastar tempo e forçar nossos neurônios ou sermos levados pela simples inspiração da qual nossos sentimentos nos submetem?
Respondam à grande pergunta, amigos. Preciso saber a resposta, ter a chance de conhecer a verdadeira realidade escondida atrás do grande mistério dos textos, porque ultimamente isso me tem parecido inútil: escrever em páginas de um caderno que vive sempre escondido de terceiros, ou ocultar pastas no computador com quilos de textos e citações; manter uma página na internet com textos que, muito brevemente, será esquecida no tempo. São apenas palavras, apenas palavras de uma pessoa comum e sem muito destaque no show da vida. Logo, o tempo virá e me fará crescer, me tornarei um homem como todos os outros, então terei um emprego, uma carreira bem sucedida ou não, e aí enfrentarei minha imagem no espelho. Me darei conta de que a vida estará rolando, e que vou precisar exercer funções mais produtivas, algo que me alavanque ou que me sustente com um salário ridículo durante algumas poucas semanas. Meu nome vai estar nos outdoors da cidade, na boca de empresários poderosos, serei bem falado no mercado de trabalho ou estarei num mercadinho tentando vender uma fruta. Quem sabe, talvez, correndo pelas ruas à procura de qualquer emprego no intuito de provar à família e aos amigos que não sou um vagabundo total, e que pelo menos estou exercendo alguma profissão.
E no momento de solidão, lembrarei os amigos que alcançaram a satisfação profissional – social ou conjugal – e também pensarei nos meus amores, que estarão com rapazes bem sucedidos e bonitos, dispondo de um exímio futuro traçado pela frente. E talvez, quando eu estiver na lama, bem... É apenas uma suposição, mas terei conhecimento do quão escrota minha vida se tornou, o quanto sou um fracasso e o quanto as pessoas em minha volta não têm orgulho deste crápula sem emprego. Por outro lado, minha vida poderá dar um grande salto, e quem sabe eu também alcance uma carreira esplêndida repleta de status social, econômico e até conjugal?! Não falo de fama, nem de riqueza extrema, mas de uma posição favorável ao meu futuro bem-estar como homem. O que todos sonhamos.
E, pensando assim, não vejo onde essas tonelas de palavras por mim escritas contribuirão. São apenas textos, eles vão se perder no tempo, as pessoas irão esquecê-las – porque eu não sou famoso, não sou um grande filósofo ou guia espiritual. É fato, eu sei disto. Palavras que escrevi para determinadas pessoas revelando todo o meu amor, mas que jamais foram lidas por estas pessoas e sim por outras que não deveriam lê-las, já que não eram destinadas a elas.
Histórias inventadas; contos; textos; citações próprias e filosofias esperançosas.
Ninguém está realmente se importando com as coisas das quais me forço a escrever, e se estão, não lembrarão destas palavras daqui a 10 anos. Nos reencontraremos e conversaremos sobre o quanto nossas vidas pegaram fogo, e o quão maravilhados e abismados ficamos por conhecer o mundo real. E aí, exatamente neste reencontro, estas minhas palavras – agora e outras ditas antes destas – não terão importância alguma, porque ninguém vai lembrar. E justamente por se perderem na grande progressão temporal de nossas vãs existências, eu vos digo: escrever, para mim, está perdendo o grande sentido e importância. Porque não vejo aonde esse chamado “dom” irá me levar. Suponho que a lugar nenhum, e eu realmente tenho medo de me tornar um homem sem perspectivas sentado diante de um computador repleto de palavras de valor desprezível.
Sinceramente? Eu tenho medo.    

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