20 de outubro de 2011

Meus rios azuis


Eu vou seguir, pela margem da estrada, sob o vento frio da noite e o calor do dia. Estou vagando, pela estrada tortuosa, acelerando e segurando firme. Eu vou seguir, é, eu estou seguindo. Não mais esperando, aguentando o ronco do motor, o lamuriar das tristezas e os tormentos da vida. Chega de lágrimas, sem mais tristezas, certo?
Encontrar a garota certa - nem que seja a garota certa da noite certa e na cama certa. Por uma única noite me apaixonar e apertar o coração, partir de manhã deixando-a um leve beijo na bochecha e duzentas pratas na mesa. "Ela é perfeita" diriam meus amigos de bar; aprovaria meu velho.
Voltar à estrada, largar os laços para trás: as memórias, as páginas do livro favorito; os amigos da escola e a família amorosa; jogar fora um cigarro, ouvir minha canção predileta e gritá-la enquanto a tempestade cair lá fora. Dirigir. Viver. Seguir. Dar adeus às estalagens, cumprimentar o bom homem do balcão e bajulá-lo - por outra dose de coragem, outro copo de persistência, uma garrafa de esperança e um último gole de uísque barato. "É a vida", gritarão meus parceiros decaídos. Sorriremos, brindaremos e cairemos lá fora, na sarjeta da vivência, na imundíce da existência.
Então o Sol irá nascer, nossas cabeças vão doer e tudo mais voltará a funcionar. Nossas vidas, nossos declínios, decepções e remorsos. Aí eu vou pegar a estrada, lembrar dessas noites com o mesmo fervor de um velho soldado vitorioso e desconhecido, mas sem chorar ou voltar atrás, partirei novamente - pela estrada da minha vida.

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