6 de dezembro de 2011

Abra a "felicidade".


Cansei. Esse papo de que sou o “neto exemplar” e “adolescente que nunca deu trabalho” não vem me convencendo. Essa história de que não devo ligar sobre como pareço, já que sou “um menino inteligente, estudioso e com um bom futuro”. As pessoas andam dizendo por aí que dou orgulho, só porque passei em um vestibular. Se vangloriam e me glorificam porque eu sou um pouco “nerd” e sei muitas coisas. Estão dizendo por aí que sou sensível e tenho personalidade, que não sou apenas mais um garoto comum como todos os outros; falam que o modo como eu penso, as coisas que faço e escrevo, tornam-me alguém especial e de valor grandioso. Estão me dizendo, em suma, que não importam os outros fatores, pois ter personalidade e “cabeça” é tudo o que realmente importa.
Mas aqui vai minha opinião: de uns tempos pra cá, estou enxergando toda essa merda como mais uma simples balela. As coisas que realmente eu quero – na verdade, queria, pois a essa altura já é impossível alcançá-las – não estou vindo até mim, tampouco consegui conquistá-las depois de certo esforço. Percebo que, por aí, os mais espertos e bem sucedidos são justamente aqueles que “não tem uma personalidade forte ou cabeça”. Em outras palavras e simplificando tudo: as pessoas fúteis levam toda a vantagem. Mas, espera! Talvez eles não sejam fúteis. Talvez nós sejamos. Nós, que nos julgamos inteligentes e superiores intelectualmente; nós, que enchemos o peito de ar para dizer: EU SEI LER, SEI ESCREVER, SOU QUASE UM POETA E CONHEÇO MAIS DO QUE VOCÊ; nós, que tanto subjugamos as demais pessoas sem ao menos conhecê-las... Sim, nós realmente somos os verdadeiros fúteis.
Porque aquele cara lá da esquina, com 23 anos, cursando – ainda – o segundo ano do ensino médio, amante de tecno-brega, comelão safado e cafajeste, desconhecedor dos grandes poetas e escritores... Talvez este cara só tenha sucesso em vários ramos de sua vida porque detém um coração bom. Porque homem nenhum é maior que o outro, seja ele um poço de burrice ou uma fortuna de inteligência e “personalidade”.  É graças a este pensamento que hoje estou cada vez mais passivo à idéia da minha própria inferioridade. Não importa quanto orgulho eu traga; não importa em quantas universidades e vestibulares eu passe; não importa se eu nunca fumei ou bebi; não importa se eu sempre obedeci meus pais – apesar das ameaças de rebeldia; não importa a idéia de que eu seja um garoto “bondoso e inteligente, bem melhor que muito marmanjo galã por aí”... Nada disso importa. Simplesmente porque eu não sou feliz do jeito que vivo. Não sou feliz da forma que sou ou quando encaro o espelho todos os dias pela manhã. Não sou feliz por não ter as coisas mais simples – simplórias ao extremo – que cada garoto da minha idade ou homem deveria ter.
Enfim. Nenhum ovo quebrado na minha cabeça ou marchinha de vestibular me farão um cara satisfeito; nenhuma universidade pública ou curso ambiental conceituado e promissor. Há tempos – e eu garanto a vocês -, há tempos eu venho pensando que apenas uma coisa me libertaria dessa corrente ilusória da minha própria vida. Apenas uma coisa. E, infelizmente, nem para dar esse fim eu tenho coragem.   

2 comentários:

  1. O que aflinge você?
    Pelo menos a imagem que me passas é de vadio, diferente de mim que tenho cara de nerd e sou a maior vadia. Mas enfim, estou aqui como admiradora e quem decide a vida, a imagem que passa, que permanece ou que não quer passar é você. Não te conheço direito pois não conversamos muito, mas continuarei a ler agora que descobri seu belo talento.
    Se você morrer me fará sofrer. Miah! E ah, vou pisar no teu túmulo e gritarei para todos ouvirem: "Jaz aqui o fdp que sabia escrever e continha uma dor que não sabia descrever e agora seu sofrer passará aos corações que adoravam ler suas belas palavras."
    De todo, espero que continues a escrever ^-^
    Luana Mayra.

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