20 de dezembro de 2011

Até o fim


A situação é esta: eu estou morrendo aos poucos. Literalmente falando, em termos de saúde.
Não que seja algo irreversível, muito pelo contrário. Mas eu venho cavando minha cova desde os 7 anos de idade – e digamos que nos últimos 5 eu acelerei o ritmo. Tenho total culpa nisso, porque eu nunca tive força de vontade para me cuidar. Já tive várias crises ao longo da vida, e nelas, eu quase morri. Lembro dos 12 anos, quando apaguei por uns dois dias. Ou então quando fiquei 4 meses deitado numa cama sem poder andar, sofrendo de dores com uma doença chamada Neuropatia diabética... Pois é, gente. Sou diabético, como doces adoidado por aí. Sabem por que? Porque simplesmente cansei dessa vida de limitações a qual me foi atribuída. Deixando de lado isso, essa é a história.
Também é a justificativa por eu ser esse baixinho magricela que escutou piadinhas e brincadeiras escrotas ao longo de 3 anos no colégio. Essa doença é a razão por eu não ter evoluído fisiologicamente. Essa é a razão para a minha vergonha, essa – ENFIM EU TÔ REVELANDO – é a minha fatídica maldição e carma ruim. E... bem, meu antigo médico – que abandonei, porque, cá entre nós, odeio ir em médicos – já tinha me revelado que “talvez você não chegue nos 20, 25 anos se continuar neste ritmo”, e ele me revelou isso aos 13 anos. Ou seja, minha derradeira estrada está se aproximando. Meus pais também já estão cientes. “A próxima crise que o Felipe tiver, vai ser pra morrer” revelou o papai haha.
E eu to me entregando porque é tarde demais para mudar as conseqüências. Tarde demais pra deixar de ser um baixinho magricela fracassado e frustrado; tarde demais para ser bonito por fora – e ultimamente to cagando para esses papos de “beleza interior e bláblá”. Tarde demais pra muita coisa. E digo que grande parte desse meu ponto de vista foi moldado no último ano do ensino médio, onde as pessoas e falsos amigos adoraram tirar com a minha cara sem ao menos conhecer minha vida. Parabéns, galera! Agradeço por esse eterno e sequelado presente.
Por isso, eu vou continuar a minha maldita vida desregrada e inconseqüente. Não importa quando meus rins vão parar ou quando eu vou ficar cego; to dando a mínima se um dia eu vou me ferir e consequentemente ter de amputar um pé, perna, mão ou braço. Na realidade, e infelizmente, tudo o que eu conto é o tempo de ir embora, porque nada de muito bom aconteceu durante minha vida e, quando aconteceu, foi rápido demais pra eu saber que era realidade.
Então é isso: eu não vou cortar os pulsos, enrolar uma corda no pescoço, tomar pílulas ou puxar o gatilho contra a cabeça. Eu não vou me matar diretamente, embora vontade não falte – só resta a coragem mesmo. Eu vou me matar aos pouquinhos e esperar a próxima crise diabética para só então... CATACUMBA! Contemplar o outro lado da vida, se isso realmente for verdade.

4 comentários:

  1. "Penseroso - Morrer! Tão moço! E não tens pena dos que chorarão por ti? Daquelas pobres almas que regarão de lágrimas ardentes teu rosto macilento, teu cadáver insensível?" Macário, Álvares de Azevedo.
    Isso traduz o que tenho a te dizer. E acho que serei uma dessas pobres almas...

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  2. Voce com Diabetes e eu querendo açucar no sangue, minha ultima crise quase fico em coma, bem enfim, tava lendo meu "livro das sombras" e tirei um dos versos q mais gosto, espero que goste tambem '' Pensava em ti nas horas de tristeza. Quando estes versos pálidos compus; Cercavam-me planícies sem beleza, Pesava-me na fronte um céu sem luz. Ergue este ramo solto em teu caminho; Sei que em teu seio encontrará!... Só tu conheces o secreto espinho. Que dentro d'alma me pugindo está!... Miah! Espero q continues a escrever aguardando anciosa By. Luana. M

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  3. Vim aqui comentar sobre esse post. Eu o li faz um tempo, deixei a minha mente esfriar para vir aqui escrever esse comentário (vocês devem pensar "por que ela não escreveu isso antes?" a resposta é simples, não retiro as minhas conclusões e/ou as digo à alguém, seja escrevendo ou não, quando estou de "cabeça quente").
    Escutei piadinhas escrotas, mas sabes o que eu fiz por um bom tempo ? Abaixei a cabeça, até um determinado tempo, depois de um acontecimento, eu me levantei e daqueles que me trairam e/ou zombaram, fui aos poucos fazendo com que um por um se calassem, porque eles poderiam ofender e eu teria que ficar calada e choramingar no meu canto? Não, não, isso eu não vou deixar. E uma das lições que eu retiro da minha vida nisso, é que devemos ser ignorantes nas horas certas, e aprender com aquilo que seja útil e bom para si.
    Sabes uma das atitudes que me dão vontade de dar um tapa em alguém ? Essa aí dá linha 19, todo o texto da linha 19, até o final, em que eu leio o meu amigo escrever que não está nem aí, e quer morrer! Sinceramente, pega uma faca e corta o seu pulso, caso você realmente queira a sua morte (ou faz igual o Kurt Cobain). Mas, você quer fazer as pessoas sofrerem com a sua morte que você deseja ser aos pouquinhos, ah tá, entendi. Os outros não contam.
    Eu sei muito bem, o que é ser traído pela pessoa que você achava que realmente estava do seu lado, e que descobre que não era bem assim.
    Ah, se você vai viver a sua vida desregrada e inconsequente, é porque você quer viver assim, sabes que o esforço não será das outras pessoas, será apenas seu, apenas seu! Um esforço que regra a sua própria vida.
    Beijos e abraços,
    Amanda Fagundes.

    Ps.: posso ter sido irônica demais, revoltada, malvada, ofensiva escrevendo tais palavras, porém eu não mudaria e não mudo nada do que eu disse agora à pouco.

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  4. Só agora eu li esse último comentário, Amanda... Não tenho nada a dizer. É tudo verdade e... Sei lá, enfim. Obrigado.

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