10 de outubro de 2012

E ele não chorou



...e ele não chorou.
Queria. Precisa. Não conseguia.
Talvez pelo machismo que um dia foi colocado na sua cabeça, mas que há muito já não existe. Não foi a primeira vez e creio que não será a última. Não existe perfeição, alguma hora, tudo tem que desandar pra se reestruturar.
Ele observou o ônibus, decidiu ir à pé pra casa, na esperança de uma reviravolta trágica na sua noite infeliz. Quase foi atropelado três vezes. Quase foi confundido com um marginal qualquer por um carro cheio de policiais ávidos para descontar suas frustrações salariais e cotidianas no primeiro moleque que vissem. Quase. Talvez os óculos o tenham salvado. Nunca vi um ‘zé ninguém’ sendo preso ou abordado usando óculos. Posso estar errado.
Ele só queria não sentir. Não conseguiu, foi dormir. Acordo muito cedo, mas saiu da cama muito tarde. Chega uma mensagem: bom dia, amor.
Um sorriso. Porque mesmo ele estava assim?
Já não fazia diferença.

(T.S. Banha)

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