Maldito seja, ou, nesse caso, bendito
seja. Jesus esperto, sabe? Que lugar bom de se estar, queria eu ser ele por uma
fração de segundos. Aquilo era a pura danação, tentação completa, uma heresia
linda de se ver - diga-se de passagem.
Era o modo como aquele crucifixo encaixava, perfeito e promíscuo; era o modo como
ele deitava sobre a pele dela e a abençoava por um dia inteiro; era o modo como
a protegia com santidade, ou talvez o modo como descansava, zeloso, perto, tão
perto do coração dela. Oh, que coisa
linda. E por coração, quero que o mundo veja minha ambiguidade na ponta da
língua, quero eu que ela também saiba disso. Maldito seja, cara esperto, ficando no melhor lugar para se estar,
o que inevitavelmente me faz enxergar aquela fervente poesia em forma de mulher
completamente despida, com o Jesus pendendo em seu pescoço, de braços abertos
para receber a hóstia sagrada da carne, do sangue, do suor e de outros fluidos
corporais. Eu a imagino com os cabelos soltos, lisos, curvados pelos ombros,
caindo pelos braços e roçando com suas pontas os rosados mamilos, enquanto o
abençoado filho de Deus paira entre seus seios, como o faz durante o dia,
escondendo-se em meio ao decote casual, em meio à cânone inocência dos peitos modestos,
redondos e chamativos, atraindo para um poço vil e sedento de magistrada luxúria,
tão silenciosos e deleitosos, para a mácula de qualquer homem em sã insanidade.
É, maldito seja, Santo Jesus.
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