11 de maio de 2014

Santo Jesus



Maldito seja, ou, nesse caso, bendito seja. Jesus esperto, sabe? Que lugar bom de se estar, queria eu ser ele por uma fração de segundos. Aquilo era a pura danação, tentação completa, uma heresia linda de se ver - diga-se de passagem. Era o modo como aquele crucifixo encaixava, perfeito e promíscuo; era o modo como ele deitava sobre a pele dela e a abençoava por um dia inteiro; era o modo como a protegia com santidade, ou talvez o modo como descansava, zeloso, perto, tão perto do coração dela. Oh, que coisa linda. E por coração, quero que o mundo veja minha ambiguidade na ponta da língua, quero eu que ela também saiba disso. Maldito seja, cara esperto, ficando no melhor lugar para se estar, o que inevitavelmente me faz enxergar aquela fervente poesia em forma de mulher completamente despida, com o Jesus pendendo em seu pescoço, de braços abertos para receber a hóstia sagrada da carne, do sangue, do suor e de outros fluidos corporais. Eu a imagino com os cabelos soltos, lisos, curvados pelos ombros, caindo pelos braços e roçando com suas pontas os rosados mamilos, enquanto o abençoado filho de Deus paira entre seus seios, como o faz durante o dia, escondendo-se em meio ao decote casual, em meio à cânone inocência dos peitos modestos, redondos e chamativos, atraindo para um poço vil e sedento de magistrada luxúria, tão silenciosos e deleitosos, para a mácula de qualquer homem em insanidade.
É, maldito seja, Santo Jesus.


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