16 de julho de 2014

Decepção



Que decepção!, ela pensou. E a culpa ainda foi minha, como sempre. Ora, diabos. Mas não é chateação que sinto, e sim diversão, porque é legal quando as expectativas quebram como outrora um copo de vidro talhado em perfeições e detalhes bem definidos. Minha vida tem sido assim há muito, muito tempo. Porque essas garotas, por mais maduras que queiram parecer, ainda imaginam que eu sou um cara legal, romântico e panaca, idealizam em mim um tipo perfeito de rapaz, só porque eu consigo escrever coisas legais que as agradam. Merda, hein? Desculpa, moça, mas eu não sou aquele escritor perfeito que você imaginou. Eu sou só um cara normal, talvez um cara normal com tendência a pender mais para o lado fracassado do que qualquer outro. E a culpa acaba por ser minha, mas, saiba, eu não enganei ninguém, e me isento de toda a responsabilidade pelas expectativas que você mesma criou enquanto lia minhas linhas antes do momento de me conhecer. A culpa é sua, moça, inteiramente sua, não jogue-a sobre mim, não me odeie, não me menospreze só porque você imaginou toda aquela baboseira ao estilo conto de fadas. Se o próprio Bukowski não vivia bêbado e era extremamente sensível e nada canalha, porque eu deveria ser o que escrevo?
Pense nisso. Eu não tenho culpa por ser uma decepção para você.
Nem para ninguém.
Nem pra porra nenhuma.


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