6 de abril de 2011

Românticos são patéticos?



"A palavra Romantismo derivou da palavra "romance" que designava enredos repletos de aventuras, cenas fantásticas, pitorescas, criadas na idade média. O romantismo teve origem na Inglaterra e na Alemanha, porém ganhou grande destaque na França. A revolução francesa propiciou um clima favorável à propagação das ideias literárias do Romantismo".

Então retomemos às aulas de literatura - sim, exatamente aquelas que você sentou no fundo da sala e cochilou, pensou na festa do final de semana ou contou as horas para acabar o dia.
Romantismo, um estilo literário como tantos outros, mas de longe, aquele que mais me fascinou e clareou meu ser poético. Ser poético... Isso soa tão gay - sem preconceito, claro -, mas é verdade. Lembro de praticamente todas as aulas, e mesmo o ânimo e visão erótica de mundo do meu professor - um do melhores, se não o melhor com que já tive a oportunidade de estudar - André Belém, não me deixou abalar toda a linguagem rebuscada e profunda, as poesias subjetivistas e intimistas.
De início, fomos advertidos do quanto os românticos eram idealizadores, e que após eles, vieria um estilo mais real e verdadeiro - o Realismo. Isso mostrava o quanto não seria sensato fixar-se àquelas ideias literárias, já que elas eram egoístas. Afinal, o mais forte aspecto psicológico dos romancistas é voltado ao trabalho pessoal, íntimo, e - essa é a parte que me fez escrever esse post - a maneira própria de interpretar o amor, a natureza e a sociedade. Ou seja, o romântico assume uma postura voltada apenas para si e para seu bem maior, de acordo com o formato do qual enxerga o mundo a sua volta. A subjetividade, a emoção, a intuição ganham forças como jamais apresentavam em estilos anteriores. Nesse ínterim, a iniciativa de acentuamento do individualismo proporciona ao homem medieval - agora romântico - uma atitude forte e tida praticamenteo como um direito intenso de lutar por um sonho, afinal, levados pela importância máxima do amor, tal sentimento ganha magnitudes épicas.
Ser levado pelo amor, agir conforme o coração manda e tornar-se cego. Dar-se ao amado, ou amada, oferecer a própria vida e enfrentar céu, inferno, e tudo o que se colocar na frente. Lindo não? Eis a questão. Isso é extremismo desnecessário, ou algo normal e digno de se fazer? Há divergências sobre o assunto.
Ser um Edward Cullen na vida, indiferente ao sentimento e viver no meio termo, ou ser bruto amante de bacon, futebol e cerveja?



Então vem a pergunta: porque são patéticos? Claro, não levem o termo tão a sério. Se eles fossem tão patéticos, sequer estudaríamos tais artistas. Mas, é claro, graças à influência que eles proporcionaram à formação de nossas sociedades atuais, são importantes. Basta ver a obra mais romântica que transcede gerações: Romeu e Julieta. 
Voltando ao assunto...
Questionar se os românticos são ou não patéticos, é algo relevantemente óbvio de se discutir. Para entender melhor isso, vou sintetizar melhor as características - hehe, novamente - do romantismo: 
  1.  Imaginação Criadora: Utiliza de sonhos como forma de fuga da sua própria realidade. Voltando ao passado ou futuro, crendo pielmente no seu próprio produto fictício. A partir disso o romântico passa a interpretar tudo ao seu modo. Ele praticamente dá asas à sua imaginação... Como Babydoll em Sucker Punch - não sei porque citei isso, mas adorei o filme haha!
  2. Subjetivismo: A realidade se molda a partir das visões particulares e pessoais do romântico e ele pouco se importa com modelos a seguir. Ele dá as cartas, tudo conforme sua interpretação.
  3. Evasão: O romântico aqui se volta para seus próprios sonhos e fantasias, mas de uma forma realmente acentuada. E, se algo interfere nesse estado de transcedência, a situação pode ficar tão tensa a ponto do desespero levá-lo a outras formas de fuga: a morte através do suicídio - fator principal na 2ª Geração Romântica, a minha FAVORITA.
  4. Mistério: "Realidade" voltada para o sobrenatural e terror - também aderida na 2ª Geração.
  5. Consciência de solidão:  O romântico acredita que não há lugar para ele no mundo, isolando-se, assim, de todos a sua volta. Se vocês ousarem - OU PENSAREM - em chamá-los de EMOS por isso, juro que os esfolo vivos durante o 10° sono no meio da madrugada.
  6. Revolucionário: O romântico nesse caso, ao invés de se isolar devidos às suas tristezas e frustrações, se propões a mudar o mundo - traço principal da 3ª Geração Romântica.
  7. Ilogismo e credulidade em si mesmo: Lembrem da primeira característica, o romântico crê nas suas próprias capacidades. Acredita em sua intuição, mesmo se isso for contra a razão e a lógica. Tal fato leva ao Ilogismo, tornando o romântico um ser instávelmente emocional, com suas atitudes paradoxais; alegria e tristeza; entusiasmo e depressão...


Gonçaves Dias, primeira geração romântica

Álvares de Azevedo, segunda geração romântica


Castro Alves, terceira geração romântica
 
Voltemos então. Algumas destas características forte dos românticos, os tornam homens egocêntricos e narcisistas. Ele deseja ser a peça mais importante de uma sociedade, o mundo - falando em uma linguagem atual e fácil de se entender - gira em volta de seu próprio umbigo, e apenas ele detém o conhecimento de todas as coisas que o cercam. Além disso, o que pode dar ao romântico o título de "patético", é exatamente a idealização dele em tudo. Por exemplo, uma das coisas mais idealizadas no romantismo - pelo menos até a 2ª geração - é a figura da mulher. Esse exemplo é muito prático de se enxergar o motivo de "não seguir a vida nos moldes românticos", já que aqui, o romancista vê a mulher como um objeto supremo de contemplação, um ser altamente poderoso e com a fácil capacidade de mudar a vida do homem, atribuindo-lhe adjetivações inocentes e angelicais, generalizando tais fatores - como o fato de dizer que todas são virgens e etc.
Cá entre nós... É claro que nem tudo o que é dito, há de ser generalizado. Mas, trazendo tais visões para o nosso mundo real - e não somente o das épocas atuais -, é notável o equívoco em atribuir todas esses valores a todas as mulheres, como se fosse uma lei científica irrefutável. Por favor, entendam isso direito e não venham me dizer que estou chamando todas as mulheres de safadas-não-mais-virgens.
É isso o que o estilo sucessor do romantismo, o realismo, vem pregar. É justamente o contrário de todas as alusões e formas que os romancistas tomavam, e portanto, uma visão mais concreta e imparcial do mundo.
Questionar o valor "patético" dos românticos está justamente nisso. Nos tempos atuais, e nos que passaram, nós homens e mulheres, realmente somos desta forma? Cair na armadilha de acreditar que o mundo é feito de sonhos e idealizações amorosas, não seria uma babaquice moldada para os tolos? Não estou repudiando o amor ou o ato de sonhar, mas criticando a forma extrema de construir nossas vidas conforme apenas estes fatores. Principalmente em tempos como o nosso, em que os garotos só pensam em comer as garotas, e as garotas, só pensam em se vingar, ficando com todos o que aparecem em sua frente e ganhando a imagem - talvez sim ou talvez não - estereotipada de "galinhas, piranhas, vadias e moças da vida". 
Vejam bem... Deem uma série de livros atualmente famosa no mundo para um menina de nove anos. Crepúsculo. Querem que eu explique? Sim, vou explicar - aos que não entenderam e já estão arremeçando pedras na minha janela... DROGA, meu videogame!. Certo, deem um livro desses a uma criança, e o que ela vai enxergar do mundo caso não tenha um acompanhamento? Ela verá o mundo com os olhos românticos, um mundo em que garotos atraentes e inalcançáveis sentem-se atraídos por meninas impopulares e relativamente feias, sem quaisquer interesses maldosos. Elas acreditarão nessas ilusões que livros assim pregam, e, entendam: não estou repudiando o livro, mas apenas dizendo suas características romancistas, afinal, lembram qual o conceito de "romance"? Enredos repletos de aventuras, cenas fantásticas, pitorescas. O romance é um estilo mais abrangente, ele não agarra somente o amor, mas o mistério, suspense, terror... Em outras palavras, romance pode significar, literalmente, ficção.
É por essa e outras razões que tomar um estilo de vida romântico é algo perigoso e tolo, já que você não estará se preparando realmente para o mundo. Em contra partida, todos nós precisamos de uma boa pitada de romantismo em nossas vidas, e sonhar e amar, idealizar e apanhar certo tempo de solidão em nossos dias. Tudo o que precisamos fazer, é dosar essa carga de romantismo, ou então esmagaremos nossos corações devido nossas próprias expectativas errôneas.
E... Sim. Digo que românticos são patéticos, porque eu me julgo o cara mais patético desse mundo, portanto, não preciso explicar qual estilo literário e modo de vida assumo para mim. Né? Bem, tomem isso como advertência de alguém que sabe o que diz e o que vive. 
Passem bem.

 E como nota, ainda farei um post específico sobre a segunda geração romântica e àquele autor que fez a obra que deu origem ao nome deste Blog. Álvares de Azevedo. (:

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