16 de setembro de 2011

­ ­ ­Brás C.

 “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás íntimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como ébrios, quinam à direita e à esqueda, anda e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorrega e caem...”
Memórias Póstumas de Brás Cubas

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