5 de dezembro de 2013

Vida vazia





 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­  Deve ser esta vida vazia, deve ser essa rotina que não muda e não acrescenta nada. Deve ser o meu desânimo por viver, o meu desânimo em ir lá fora e fazer o que sempre quis. Devem ser minhas limitações corporais, minha estima baixa e o ódio que costumo por mim mesmo, a imagem que odeio no espelho e minha exímia capacidade de julgar cada ação inferior a tudo e todos. Sim, é isso. Deve ser minha falta de sorte, deve ser a doença que me acomete um dos órgãos junto à doença que me acomete a cabeça, os olhos e o peito. Devem ser essas limitações impostas em casa, impostas pela vida. Deve ser essa vontade de encher a cara, beber, beber e beber, mas sabr que qualquer dia isso acabará me amputando uma perna ou pior – e vi tanta gente próxima a mim morrer disso. Deve ser de fato minha saúde fraca agindo com todas as outras limitações familiares, deve ser minha covardia em impor minha palavra e ser um pouco mais impulsivo. Deve ser tudo isso: tantas coisas que me desanimam mais e mais, me fazem perder a fé em mim mesmo... Esperem, precisei rir disso. Fé eu na vida pouco tive – desde criança –, fé em mim mesmo, então? Esperem, ainda estou rindo. O problema é tão simples e complicado ao mesmo tempo que nem sei como nasceu, onde cresceu ou como piorou. Devem ser tantas coisas que nem me importo em tratar ou buscar uma solução, eu só fico aqui para morrer, esperando o dia em que isso finalmente me aplacará. E não, eu não estou reclamando, pois ainda quero viver o bastante para terminar de ler uma lista de livros e escrever algumas histórias. Não que eu pense em enrolar uma corda no pescoço, não, isso é besteira, o cúmulo do inaceitável. São tantas coisas que, sinceramente, nem sei mais o que devem ser. Já não me importo, é só que incomoda. Incomoda nessa monotonia do quarto e da casa, sem poder sair, sem poder ou querer encontrar um sentido.
 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­  É uma vida tão cheia de coisas, mas uma vida vazia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário