25 de março de 2011

Desconfianças e humilhação


O problema começa em confiar em alguém que, naquela época, você colocaria a mão no fogo. Essa pessoa, era de tamanha confiança, que você jamais enxergou outra verdade, porque a verdade dela era, de fato, o fator mais verdadeiro possível. E o porquê de tanta confiança? Simples: não havia motivos para desconfiar.
Bem, as coisas terminaram, se dissipando em brisas longínquas e quase inexistentes nos dias atuais. Mas, você sabe, e com toda a convicção, que a verdade dessa pessoa era sim inconstestável. Certo, e onde está o problema nisso tudo? Vou lhes dizer: essa pessoa, a da “total confiança” faria muita coisa por você, coisas inimagináveis e horrendas – para te proteger e te manter à ela. Pode parecer estranho, abominnável ou desprezível. Mas é lindo. Lindo? Sim, lindo. Dou-lhe todos os meus tostões caso você encontre alguém assim por aí – não vou considerar família, você estaria trapaceando.
E então as coisas acontecem, e tudo o que havia de sólido desaparece. Mas, antes que esta pessoa vá embora de sua vida, ela lhe avisa sobre coisas das quais você guarda, e deixa armazenado na droga da memória. Importante dizer: você não ignorou, como bem pareceu. Apenas guardou as informações e observou as coisas se desenrolar a partir da ótica daquela pessoa. No fim, o que acontece? BANG! As coisas de fato se encaixam e tudo o que foi dito, passa a ter um sentido enorme. Mas você nega, e seu argumento é o mais simples e bobo possível “E daí? Quem gosta sou eu. O problema é meu”. O tempo passa, e aquela pessoa que outrora teve um lugar especial na sua vida, passa agora a ter apenas um papel de  “plantadora de dúvidas”.
Talvez ela não tenha feito por mal. Talvez, tenha dito aquilo em função da própria opinião, dizendo o que julgava da outra pessoa. Talvez, ela tenha feito de propósito e inventado as coisas em moldes perfeitamente malévolos. De qualquer forma, já era... A merda estava feita, as dúvidas plantadas e suas desconfianças cada vez mais relevantes.
Mas o tempo passa, você ignora e assume outros argumentos para a sua vida. “Estou feliz assim, é a forma como gosto de viver... Nunca estive tão bem”, e, no fundo, não passa de outra forma de repetir o anterior: “E daí? Quem gosta sou eu. O problema é meu”. Por algum tempo, as coisas se normalizam e você se convence de que fora influenciado, estava cego pelas opiniões dessa “plantadora de dúvidas”. Por algum tempo, você realmente vive em um estado estável de felicidade.
Aí... Bem, aí acontece o grande e perturbador fato que me trás até aqui, para escrever esse maldito e inútil texto.
Você então descobre, depois de tanto tempo, coisas que te remetem àquelas que a “plantadora de dúvidas” dissera. Descobre, e então percebe: talvez no fim, ela tinha razão – já que não há outro motivo circunstâncial ou cabível para as atitudes e “segredos” feitos por essa atual pessoa, que expliquem coisas contrárias às que você pensa. É aqui, nesse exato momento, onde olho no espelho e percebo que talvez eu seja um babaca idiotão, tão burro e cego, que faz o papel do palhaço substituto.
Não escrevi isso em virtude do arrependimento – que fique bem claro -, mas da decepção de me limitar à humilhação.
É importante dizer que talvez eu esteja louco, delirando em função das coisas que vejo - e que interpreto a partir daquelas opiniões causadoras de dúvidas. Sentir isso não é bom, mas, sim, não sou o melhor dos cristões e com certeza desejaria isso ao pior dos meus inimigos. Para a sorte deles, eu não tenho nenhum. De qualquer maneira, as dúvidas ainda atormentam e fico perdido no abismo de acreditar nas antigas palavras. Ou eu deveria, mas uma vez, ignorar e ser feliz? Eis a questão.
O fato é: não importa o quanto você tente, essas dúvidas plantadas são como uma cancêr enraizado nos abismos de sua alma... Sempre permanecerão ali, não importa quanto tempo passe, não importa quanto as coisas mudem.
Também não mudando a sensação de estar no chão, jogado e servido de chacota.
Humilhação, e o maldito nariz de palhaço estampado no rosto.
Sorria, continuarei com as piadas.
Chore, um dia, vou dar o troco.

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