9 de agosto de 2011

The Sharpest Lives


Esse é o meu caminho: seguir por alguns livros, despencar por alguns parágrafos, paquerar alguns textos  e casar com algumas frases. Esperar o inesperado, alcançar o impossível e acordar no dia seguinte, me dando conta de que tudo foi um sonho. Ver as pessoas vivendo, tentar analisar e morrer em lágrimas ao não entender sequer a metade. Aguardar o momento certo para algo dar realmente certo, sentar ao Sol e migrar a mente. Sentir sono diante de um enorme som, e repudiar curtições e danças. Ser chato, irritável e insuportável. Reclamar de tudo e todos, e depois estar ao lado deles sorrindo novamente. Negar as desculpas, porque não há perdões para sua verdadeira essência. Ser sozinho, ser sonhador, querer tudo e sempre não ter nada. Fazer do dom profissão, viver de uma profissão sem futuros. Ser querido, longínquo e pouco odiado. Ser imperceptível, desprezível e descartável. Ser eu. Sonhar. Dispor de palavras na escrita e não saber o que dizer com a boca. Melancólico, triste e dramático. Procurar a mulher dos sonhos, mas topar com uma ainda melhor que ela. Topar com uma mulher de verdade, e não ilusória. Sentí-la no peito, e depois perdê-la. Indo embora. Recordar sua presença e me desfazer em lamentos. Dizer besteiras e mais besteiras, mentir a maior parte do tempo ao fingir ser alguém que não sou. Assumir uma casca machista e insensível. Ter medo de mostrar que existe aí um homem diferente, sensível e bobo. Provar que isso é possível e que nada significa desvios de opção sexual. Rir disso e desejar a morte de certas pessoas. Odiar um aqui, outra ali. Puramente ódio, puramente por odiar. Lamentar por ter esta vida, desejar viver novamente. Querer ser outro alguém, deter outros gostos e costumes. Ser literalmente diferente, por dentro e por fora. Ter uma casca mais bonita e uma personalidade menos imbecil. Ter beleza e menos conteúdo. Ser mais macho. Mais comelão. Desejar mais bocetas do que corações. Desejar mais rabos do que amores. Comer as meninas ao invés de admirá-las pela personalidade e inteligência. Ter todas elas, ser gala seca e mesquinho, outro filhinho de papai com o carro do ano e o pênis ativo. Ligar o som, segurar a insuportável e horrenda lata de cerveja e dançar a música cheia de “cultura”. Olhar a tudo isso e repudiar, voltar atrás e desejar ser eu mesmo novamente. Continuar sendo menos superficial, embora isso não custe o sucesso que tanto sonho. Ser um fracassado; um idiota atrapalhado; uma besta quadrada; ignorante magricela, alvo de chacotas e brincadeirinhas; emotivo; emo deprimido; doente descuidado à beira da morte, ou à falha de um rim ou à beira da cegueira total, amputação de um membro ou coisa parecida; a eterna negação; a mais podre vergonha diante do espelho; aquele que sonha tanto e pouco realiza; sendo feliz por tão breves momentos, e sofrendo a maior parte do tempo; levando porrada sempre e sempre, mas seguindo em frente para ver certas pessoas felizes. Negar a tristeza e fingir a mais bela felicidade. Procurar o que mais quer mesmo já tendo tudo o que precisa. Ser panaca – panaquinha -, babaca e mais uma vez, alvo de chacota. O nerd que nunca é visto agarrando uma garota. O amigo que observa o sucesso dos outros e olha a si mesmo sem nada, sem ninguém, sem porra alguma. E por fim, voltar à cama e tentar dormir com o peso de ser isso: ser eu, a maior parte do tempo.

2 comentários:

  1. rsrsrrsrsr, amoessa musica depois de Earl sunsets over monroeville. Ficou otima combinou realmente com a musica

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  2. Sunsets? lol é a primeira pessoa que conheço e que gosta. GOSTEI! Haha, valeu Lu!

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