Meus parabéns pela culpa, pelo
remorso, pela raiva. Sim, sim, meus parabéns a mim, tão somente e unicamente. Pois
estou vindo até aqui fazer algo que, acreditem, eu odeio e não consigo: ter um
mínimo de amor próprio e auto confiança, auto afirmação e auto qualquer bosta. Falar – bem – de si mesmo,
no fundo, é como colocar a própria foto na capa de Facebook. E me desculpem se
vocês fazem isso, não estou criticando, só estou admirando: é preciso confiar
muito no próprio taco e amar a si mesmo. Eu não me aguento, sou um trapo de
lamentos e má sorte ambulante, como, em sã consciência, colocaria uma foto
minha na capa daquilo? É hilário. Eu
quero rir, mas não posso, porque não quero ofender ninguém. Vocês possuem
beleza e se amam, portanto, é, façam, vocês têm o direito, não alguém como eu. Não
alguém que se odeia e pisa na segunda década com uma mente que, sinceramente,
pouco evoluiu. E eu continuo com esse ódio-próprio e essa incrível capacidade
de ser fodido (não literalmente, amém) por outras pessoas e, ainda assim,
receber a culpa no final. Não. Não somente isso. Possuo a incrível capacidade
de olhar para a situação inteira e continuar achando que de fato possuo a
culpa, como quando fui afetuosamente trocado e escondido por uma garota, e
continuar achando que “a raiz do problema
fui eu, porque deixei de satisfazê-la em alguma coisa, em algum momento”. Quando
os méritos, desméritos ou quando nada mais te é atribuído, quando nada acontece
nessa eterna melancolia de mortes internas e piadinhas negras, você agarra para
si até os erros, porque era preciso ter feito algo, era necessária uma prova
(positiva ou não) de que você esteve lá, de que você existiu de alguma forma e
não esteve fugindo como um esquecido fantasma. Não que eu seja um crápula
odiado e esquecido por todos, não que eu careça de afetos, mas preciso provar
algo a mim mesmo, preciso enxergar que alguma vez funcionei e fiz algo que
realmente valeu a pena, seja para o bem ou para o mal. E quando alguém explode
diante do ventilador, espalhando merdas que nunca por mim foram cagadas, eu
preciso pegar cada uma delas e assumi-las preciso agarrar a culpa e me
convencer, lá no fundo, que realmente fui responsável por aquilo. Porque daí
vem a excitação de viver, mesmo se acusado, se traído, chifrado ou simplesmente enganado. É preciso assumir essa culpa, é
preciso assumir qualquer coisa que valha a pena, seja por experiência, seja por
uma foda, seja por uns trocados. No fim - no grande e dramático fim que
realmente não acaba aqui -, é preciso tentar encontrar algum significado por um
amontado de merdas, defeitos, azar e mais merdas durante as últimas duas décadas,
um desejo ínfimo e medíocre de querer se sentir importante, de alguma forma. Afinal,
“todos querem ser especiais aqui”.
Compartilho com você o meu ódio por datas de aniversário, a minha em especial. Não há dia em que eu odeie ou lamente mais que 21 de julho. Compartilho a mesma falta de sorte em conseguir ver coisas boas em mim, e mais, compartilho a mesma incredulidade de passar mais de uma década sem ter sido bom o suficiente pra qualquer tipo de coisa/pessoa. Sobre os arrependimentos e lamúrias: releve. Todos temos uma cota de erros grande o suficiente para sermos promovidos ao céu ou inferno (se e quando existirem). No mais, aproveite o dia. Feliz aniversário pra você e seu avô.
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