13 de junho de 2011

Não precisamos de outra palavra sobre esperança


Não precisamos de mais um texto exaltando a esperança, uma canção de amor ou um futuro melhor. Chega das linhas belas e otimistas, das balelas que os mais fervorosos andam contando sobre como nossas vidas abandonarão o tempo de tormenta e regressarão a um estado de felicidade suprema. Chega. Pois nós crescemos, passamos por tantas coisas em tão pouco tempo, seguimos por caminhos diferentes dos habituias e amadurecemos mais rápido, assim nós sofremos mais do que o esperado para a pouca idade. Somos homens mais enraizados no chão e mulheres menos visionárias. Desacreditados, há quem diga. Mas extremamente realistas, corrigimos.
Jovens garotos e garotas, que riem de ver os mais novos chorando por tudo e por nada. Fazem do pouco um espetáculo esplêndido, deturpam o amor, a dor e a tristeza, fazem disso a grande bola da vez, a imensa jogada da vida. Coitados, afirmamos. Onde estão vocês, pobres amigos, decadente geração, para afirmar tais convicções? Vocês não estão verdadeira e profundamente quebrados como nós, portanto não façam da realidade um fruto de seus encenações para atrair o público. Somos os grandes espectadores, os jurados finais da peça, e daremos nosso veredito: ridícula atuação, péssima abordagem daquilo que – somente – nós sabemos e sentimos à flor da pele.
Talvez, entretanto, sejamos aqueles homens e mulheres mais desprezíveis que ainda ousam vagar na terra como fantasmas. Desprovidos de sonhos, nós traremos a verdade dos fatos; renegando o amor, nós diremos que tudo é uma farsa – pois esta é a essência da vida: fadados nós estamos ao fracasso, numa busca incessante por algo que nunca teremos, ou, em último caso, se tivermos, será por meio de uma farsa ou pela metade. Somos os perdidos do sentimento, os cruéis mendigos das ruas do amor, da paixão, do espaço onírico dos sonhos.
Haverá esperança neste mundo que nos cerca? Talvez sim. Quem sabe o mundo apenas não nos beneficiou com o privilégio da sorte, e acabou nos condenando ao Sheol do sentimentalismo humano. Nós, os desacreditados e desencantados, vivemos na parte obscura do mundo, tocamos o afável véu da falsidade e das traições, caímos numa realidade profunda de amargura e desesperanças e agora a maldição nos acomete de tal forma, que renegamos a tudo e a todos.
Não acreditamos nas coisas boas, nos contos de fadas e nos best-sellers amorosos. Pelo menos, não mais. Simplesmente, apenas pura e claramente, estamos perdidos neste mundo de mágoas, e se um dia tivemos uma aura boa envolvendo nossos inocentes corações, hoje não mais assim somos por conta do veneno injetado nas veias, que expurgou a coisa boa e nos contaminou com a diabólica doença da renúncia.
Não afirmo aqui uma posição concreta a todos os homens, mas sim apenas a nós. Certos indivíduos ainda conhecerão a vida boa como os esperançosos fervorosos insistem disseminar, e com sorte – a mesma que nunca tivemos – jamais cairão neste Inferno de desilusões e perdição. Desejo sorte a vocês, porque nós estamos perdidos. Não acreditando mais em frases otimistas, tampouco nos poetas ou simples apaixonados que proclamam lindas passagens sobre “Um novo amor virá. A vida lhe aguarda uma bela surpresa”.
É. Não me escute, não me analise. Não ouse julgar a corrente da qual pertenço, tampouco critique meus companheiros de perdição.
Afinal, quem irá entender toda a dor que aqui há devido à outrora e gigantesca - e já esquecida - busca pelo amor supremo ou felicidade concreta? Estamos crescidos, maduros, podres, infrutíferos e fétidos. A carnificina da alma não mais nos corrói, pois já é habitual.
Estamos, no fim de tudo, perdidos à vida jovem por vagar sem sonhos e esperanças. Desacreditando tudo, afagando o nada.

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