19 de março de 2012

Mais um dia


Mais um dia daqueles que você não vê sentido em nada. Mais um dia daqueles que as coisas não dão certo ou nada acontece de importante. Suas músicas favoritas não te impressionam, não há ânimo para a vida – tampouco para a morte, tsc. Mais um dia que sucede àquele anterior cheio de esperanças e convicções, do qual transforma 24 horas de diferença em uma vida inteira. Mais um dia onde o texto que você escreveu ontem, cheio de felicidades, sonhos e vibrações de um futuro bom, não passa de balela momentânea. Mais um dia de solidão, mais um dia de tédio. Mais um dia de bronca, onde alguém desconta em você os vacilos de terceiros. Você, hoje, não é nada. Nenhuma festa, nenhum amigo ou alguém para lembrar que você existe. Não há toques no celular ou notificações na internet. Não existe vontade alguma de se afogar em livros – científicos, universitários ou puramente literários. Sem filmes, sem desenhos, seriados ou vídeos pornôs. Tudo não passa de desprezíveis distrações que não te distraem nem atraem. Mais um dia que você vai existir porque precisa ou não. Mais um dia que você questiona a razão de estar aqui. Um dia de imparcialidade, um dia abstrato. Um dia de saudades, relembrando aqueles beijos que nunca chegaram a existir de verdade – pelo menos não fisicamente. Um dia de cão, sem ao menos um latido ou balançar de rabo. Um dia monótono de pura inexistência. Sem um motivo sequer. Nem o café te preenche, tampouco a Coca-Cola gelada. Seu coração, nesse dia, não será à prova de bala e suas palavras não serão as últimas famosas. Você vai se convencer que é amado, mas que não tem a capacidade de amar essas pessoas, porque ama outra que... Bem, você não sabe nada sobre ela. Um dia que seus julgamentos silenciosos te matarão. Um dia que você se dá conta que não foi feito para amar – és possessivo e incontrolável demais, altamente instável. Mais um dia que você se sente diferente e percebe, com seus próprios botões, que ser diferente é ruim e repudia a ideia de que “ser normal não é legal e certo”. Mais um dia que você deseja ser um garoto comum, com duas coisas em mente: vagina e futebol (não necessariamente nesta ordem). Ter um coração de pedra, ser menos sentimental e – acima de tudo – um garoto com requintes de machismo. Ser um homem de verdade, sem essa merda de “escrever e blábláblá” que o faz parecer um veadinho dá o cu. Mais um dia objetivo. Mais um dia escroto. Mais um dia filho da puta. Mais um dia sem passeios com a namorada ou brigas fúteis. Mais um final de semana, mais um domingo. Mais um dia de sua vida. Amanhã passa.

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