7 de março de 2012

Último Verão que nunca chegou


Escrito em 22 de Julho de 2011

O Sol apagou. As nuvens o tragaram num aperto forte e o expulsaram para baixo, muito além do horizonte das ondas barrentas. Pouco a pouco a noite estava caindo, a escuridão reclamando sua hora e seu lugar, e com o Sol longe dali, tudo o que restava era a promessa de um novo dia. A noite estava caindo, no entanto, era seu momento e sua hora, certo? Por tempos as pessoas renegam a escuridão como se tal condição fosse desfavorável ao prosseguimento do caminho ou da vida, atribuindo sempre à luz a esperança de uma nova era. Errados nós estamos. Pois a noite caiu, e o Sol que tanto iluminou uma estação tão brilhosa fora embora. “É dado o momento de seguir em frente”, diriam os mais sábios. E por mais que o dia nos faça falta com seu calor acolhedor; a brisa agradável da tarde de verão; as flores brilhantes e o céu azulado... Chega o momento em que a noite precisa cair, proclamar sua presença e mostrar-se tão importante quanto o dia juntamente com seu Sol. Leva um tempo para que o costume venha e nos abrace, e mais ainda: leva tempo demais para aceitar que a noite sempre estará ali, após o brilho da manhã, revelando-nos um novo modo de saber o quanto as coisas são mundanas e não fixas. Não há eternidade que perpetue um feito ou um afeto, e na visão efêmera deste dia tão brilhante e acolhedor de verão, haverá sempre a promessa de um noite de brisa calma e escuridão reflexiva.
Soltar a luz de nossas mãos é doloroso, mas sermos acolhidos pelos mantos escuros e protetores da noite é ainda melhor. Os dias passam, e as noites chegam. E como as células mais simples em nossos corpos se renovam a cada dia, a vida também nos trás o Sol e a Lua, as nuvens e as estrelas, prometendo-nos um passo seguro para o futuro, e um desatrelamento daquela estação que certa vez tanto nos fez bem, para optarmos por outra escolha que um dia virá – ou não, mas isso pouco importa, já que a relevância está em caminhar durante à noite.
O verão passou.

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