11 de março de 2013

Amante




Sexo. Tão banal quanto gostoso. Nada de especial, mas como nenhum outro. Ele só gozou depois de vê-la gozar. Ela era a prioridade. Um cigarro acesso na mão dela. Tudo bem, já não haveria beijos. Não faziam questão. Isso ela guardava para o namorado dela. Nem citei que ele era amante. Eles riam em cada escapada, em cada beijo roubado. Depois saiu, com um rumo, mas sem objetivo.
Uma cerveja, a única certeza, não se concretizou. Resolveu assistir a um filme qualquer que passava no cinema. Tinha duas horas até ele começar. Foi com o maior traficante da sua cidade, que sempre alimentou seu vício. Provou um pouco de algo forte, mas que já conhecia, e um pouco de algo novo que estava à vista. “Cem sonetos de amor”, Neruda. “Tesão”, Tico Santa cruz. Levou os dois pra se entorpecer em casa. No caminho, um cigarro. A chuva fina que caía pedia por ele. Parou para comer em um buraco qualquer. Trinta minutos de espera muito bem recompensados.
Continuou a vagar por uma cidade já adormecida, acordada esporadicamente por moto apostando corrida, carros com músicas que ele odiava, sendo ouvidas no último volume em carros de inconsequentes que esbanjam os bens dos seus pais. Andou. Chegou em casa. Chaves para um lado, carteira para o outro, celular na cama em cima de um vulto. Ligou a tevê. O cantor favorito dela cantava. Coincidência. Ligou a luz e percebeu que o vulto era uma blusa de um dos times do coração que ela vestia enquanto estava na casa dele. Sentiu o cheiro dela na blusa. Fechou os olhos. Sexo. Tão banal quanto gostoso. Nada de especial, mas como nenhum outro. E de olhos fechados, pegou seu notebook ainda ligado.
Começou a escrever.

(T.S.Banha)

Nenhum comentário:

Postar um comentário