Parabéns, mulheres.
Parabéns a cada uma que construiu uma
história até aqui, àquelas que estiveram pelos bastidores, sussurrando coragens
ou planos maléficos aos ouvidos dos companheiros, moldando e empurrando cada
decisão histórica. Quem sabe se o próprio Hitler não tinha uma paixão secreta (corrijam-me
se eu estiver errado com meu conhecimento superficial de história)? Quem sabe o
quanto elas foram vitais para tudo o que se construiu até aqui? Quem sabe – e é
praticamente uma certeza – o que seríamos hoje sem os pensamentos impulsivos movidos
pelo coração e pela coragem daquelas tão singelas e “submissas” mulheres? Devo
citar as canções de ninar cantadas aos filhos todas as noites? Quem sabe eu
mencione aqui o fato de que foram elas quem cuidaram de cada criança, durante o
dia inteiro, enquanto seus maridos estavam fora apenas trabalhando ou se embebedando
em condutas pecaminosas. Não exalto aqui a mulher como figura exemplar e
desprovida de erros, não, apenas
levanto o lado decisivo e brilhante delas durante nossa história particular ou
universal. Os erros suscetíveis a todos os humanos eu aqui pouco tratarei,
porque eles não importam. Imaginem vocês o que seria de cada poeta sem uma
mulher? O que seria de cada cantor sem uma força interna para movê-lo? Em
tempos antigos (e até mesmo hoje) quando os homens não podiam mostrar diante da
sociedade que também eram acometidos de tristeza, melancolia, paixão, amor e
devoção, eles recorriam às poesias e letras de músicas para expressar o quão
bobos sentiam-se ao lado da mulher amada. Ou
mulheres amadas. Isso nunca terminará, nunca.
Uma mulher é sublime, fruto de mistérios que nunca chegaremos a conhecer. Mulheres
são como as linhas de Nazca ou os gigantescos carrancudos de Páscoa; elas têm a
singularidade e maestria das pirâmides, a simplicidade de uma molécula e a
beleza do universo lá fora; recai aqui um clichê em comparar o brilho de uma
estrela ao brilho dos olhos de cada uma delas, quando assaltadas de carência ou
carinho, calma ou confusão. Das curvas dos cabelos lisos ou encaracolados,
negros, claros, finos ou ásperos; tais como a pele, que variam de cores e tons,
enchem-nos de encanto e fascínio. Mulheres, ao contrário do que elas dizem
sobre nós, não são “todas iguais”, mas sim diferentes, como um grão de areia
composto, cada um, de elementos próprios e únicos para formar um deserto onírico
de desejo, excitação e clamor. O que seria de cada passo nosso sem elas? Nossas
mães, avós, tias, primas, irmãs, amigas, colegas ou simplesmente a menina linda
que pega o mesmo o ônibus todo dia ou aquela desconhecida sentada ao nosso lado
na sala de aula. Cada mulher é um livro sem páginas limitantes; um parágrafo
interminável de Saramago; um texto desconexo, atraente e esbelto. A minha
trajetória, como a trajetória de cada homem aí fora, é formada pelo toque
direto ou indireto de uma mulher. Mentiroso é aquele que diz que nunca amou ou
que é indiferente ao sentimento; mentiroso é aquele que nunca teve uma mulher
essencial durante sua vida, em algum momento ou em algum instante; mentiroso
aquele que não vira o pescoço para olhar uma beleza nata; mentiroso aquele que se
diz não atraído pela “magrinha, gordinha, burrinha, patricinha, metidinha,
moreninha, loirinha, ruivinha, chatinha, baixinha, altinha...”. Mentiroso é
aquele que nunca teve o coração quebrado por uma mulher, que nunca chorou ou
nunca abandonou o orgulho e o amor próprio. Não confio em homens que repudiam
mulheres, não confio em homens que tratam-nas como objetos. Não confio em
homens que se dizem “héteros” e não as amam, porque cada macho nesse planeta
vive em função de uma fêmea: desde a mais efêmera formiga ao mais onipotente
dos deuses. Mulheres são grande parte de nós, se não tudo. Eu mesmo, sem elas, não daria vida a este texto; eu mesmo, sem ela, não teria começado essa
empreitada. Em meu coração tem espaço, embora tenha se partido, embora tenha
esfarelado, há tempo e oportunidade para se recompor, abrir espaço e amar de
novo. Seja afetuosamente, fraternalmente, na irmandade, amizade ou no mais belo
dos romances. Haverá sempre espaço para uma grande mulher, seja ela como for. Seja
lá onde estiver.
Feliz dia internacional da mulher.
*-* Post divino! Obrigada <3
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