8 de março de 2013

Mulher




Parabéns, mulheres.
Parabéns a cada uma que construiu uma história até aqui, àquelas que estiveram pelos bastidores, sussurrando coragens ou planos maléficos aos ouvidos dos companheiros, moldando e empurrando cada decisão histórica. Quem sabe se o próprio Hitler não tinha uma paixão secreta (corrijam-me se eu estiver errado com meu conhecimento superficial de história)? Quem sabe o quanto elas foram vitais para tudo o que se construiu até aqui? Quem sabe – e é praticamente uma certeza – o que seríamos hoje sem os pensamentos impulsivos movidos pelo coração e pela coragem daquelas tão singelas e “submissas” mulheres? Devo citar as canções de ninar cantadas aos filhos todas as noites? Quem sabe eu mencione aqui o fato de que foram elas quem cuidaram de cada criança, durante o dia inteiro, enquanto seus maridos estavam fora apenas trabalhando ou se embebedando em condutas pecaminosas. Não exalto aqui a mulher como figura exemplar e desprovida de erros, não, apenas levanto o lado decisivo e brilhante delas durante nossa história particular ou universal. Os erros suscetíveis a todos os humanos eu aqui pouco tratarei, porque eles não importam. Imaginem vocês o que seria de cada poeta sem uma mulher? O que seria de cada cantor sem uma força interna para movê-lo? Em tempos antigos (e até mesmo hoje) quando os homens não podiam mostrar diante da sociedade que também eram acometidos de tristeza, melancolia, paixão, amor e devoção, eles recorriam às poesias e letras de músicas para expressar o quão bobos sentiam-se ao lado da mulher amada. Ou mulheres amadas. Isso nunca terminará, nunca. Uma mulher é sublime, fruto de mistérios que nunca chegaremos a conhecer. Mulheres são como as linhas de Nazca ou os gigantescos carrancudos de Páscoa; elas têm a singularidade e maestria das pirâmides, a simplicidade de uma molécula e a beleza do universo lá fora; recai aqui um clichê em comparar o brilho de uma estrela ao brilho dos olhos de cada uma delas, quando assaltadas de carência ou carinho, calma ou confusão. Das curvas dos cabelos lisos ou encaracolados, negros, claros, finos ou ásperos; tais como a pele, que variam de cores e tons, enchem-nos de encanto e fascínio. Mulheres, ao contrário do que elas dizem sobre nós, não são “todas iguais”, mas sim diferentes, como um grão de areia composto, cada um, de elementos próprios e únicos para formar um deserto onírico de desejo, excitação e clamor. O que seria de cada passo nosso sem elas? Nossas mães, avós, tias, primas, irmãs, amigas, colegas ou simplesmente a menina linda que pega o mesmo o ônibus todo dia ou aquela desconhecida sentada ao nosso lado na sala de aula. Cada mulher é um livro sem páginas limitantes; um parágrafo interminável de Saramago; um texto desconexo, atraente e esbelto. A minha trajetória, como a trajetória de cada homem aí fora, é formada pelo toque direto ou indireto de uma mulher. Mentiroso é aquele que diz que nunca amou ou que é indiferente ao sentimento; mentiroso é aquele que nunca teve uma mulher essencial durante sua vida, em algum momento ou em algum instante; mentiroso aquele que não vira o pescoço para olhar uma beleza nata; mentiroso aquele que se diz não atraído pela “magrinha, gordinha, burrinha, patricinha, metidinha, moreninha, loirinha, ruivinha, chatinha, baixinha, altinha...”. Mentiroso é aquele que nunca teve o coração quebrado por uma mulher, que nunca chorou ou nunca abandonou o orgulho e o amor próprio. Não confio em homens que repudiam mulheres, não confio em homens que tratam-nas como objetos. Não confio em homens que se dizem “héteros” e não as amam, porque cada macho nesse planeta vive em função de uma fêmea: desde a mais efêmera formiga ao mais onipotente dos deuses. Mulheres são grande parte de nós, se não tudo. Eu mesmo, sem elas, não daria vida a este texto; eu mesmo, sem ela, não teria começado essa empreitada. Em meu coração tem espaço, embora tenha se partido, embora tenha esfarelado, há tempo e oportunidade para se recompor, abrir espaço e amar de novo. Seja afetuosamente, fraternalmente, na irmandade, amizade ou no mais belo dos romances. Haverá sempre espaço para uma grande mulher, seja ela como for. Seja lá onde estiver.
Feliz dia internacional da mulher. 

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