8 de setembro de 2013

Além



Ele queria desistir. Diziam pra ele desistir. “Isso aí não vale de porra nenhuma” ele ouvia a cada desafio e se sentia ofendido. Mas isso só lhe dava mais força. A cada queda, usava o próprio chão pra se reerguer. Seu pai dizia “calma... depois piora”, “pior é na guerra... ainda tem bala” mas as ironias paternas já não faziam mais efeito sobre sua cabeça. Já não era mais aquele garoto que tinha saído de sua cidade. Não que já fosse um homem feito, mas já tinha amadurecido muito em todos os aspectos.
A vida já cobrou alguma coisa dele, menos do que ela cobrou de muita gente, ele sabia. Mas não tinha com quem compartilhar a sua dor. Nunca teve. Nunca quis ter. Como dizia a letra daquele RAP que gosta tanto: “Desde pivete tenho amigos, mas me sinto sozinho/ meus problemas são meus, vou resolver sozinho” ou do outro que tanto ouve “colegas, eu tenho vinte; amigos eu tenho seis; que vejo sempre, só quatro; que posso contar, só três”. Não tinha mais nenhum. Não desmerecendo os que o acompanhavam. Jamais. Porém tem muita coisa que eles não fazem ideia que acontece, que ele pensa, deseja, desiste de.
Ele só quer que seu próximo sonho se realize, quer novas ares, novas pessoas, momentos. Não cria esperanças, mas expectativas. Se forem superadas, bom; se não, tenta-se até sentir-se bem, mas nunca satisfeito. Ele não busca fama, dinheiro... mulheres talvez... Ele só que o seu El Dorado, seu Graal, seu além do horizonte.

(T.S. Banha)

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