9 de setembro de 2013

Queria foder



Ele pegou um cigarro do bolso e acendeu. Abriu a lata de cerveja e bebeu. Sentou-se em um banco qualquer, num lugar da cidade qualquer que tivesse árvores e ar mais sereno. Fumou e bebeu. Ele queria outras coisas, queria sair dali, estar em outro lugar e em outra vida, bebendo outro tipo de bebida e não fumando. Mas era a realidade. Não usava aquelas porcarias por rebeldia ou para representar o quão derrotado estava. Há um momento na vida que você apenas se sente compelido a realizar tais atividades, e vinha sendo seu eterno momento há anos. Uma mulher, com sua boceta amável e sorriso nos lábios pode, de todas as maneiras, foder com o cara do jeito mais cruel que se possa imaginar. Homens também o fazem com seu palavreado e paus sedentos por gozo. Seres humanos fazem isso frequentemente, sejam homens ou mulheres. E ele pensava exatamente isso: não há estatísticas sobre quem é mais ou menos infiel, devasso ou mentiroso. Eram todos os mesmos. Sempre há um predador e uma presa. Ou predadora e presa. Então ele bebia e fumava. Faltava foder, mas o salário tinha terminado e o auxilio bancário da tia também. Sim, ele até poderia foder, mas estava sem grana para procurar sua garota preferida – ela o amava como qualquer outra, por um bom preço, ele recebia todo o amor do mundo por uma noite inteira. Mas estava sem grana, então fumava e bebia. Estava fodido, pensando em outra vida, outro sonho, um nome diferente. Cogitava as chances de comprar uma arma com o próximo salário, cogitava finalmente ter coragem para finalizar o plano – era só um plano, é, um bem distante, como um plano D, caso as coisas viessem a dar tão errado. Por isso ele fumou e bebeu. Terminou a latinha em menos de seis minutos, já era a terceira ou quarta... Não, talvez a quinta, que se foda. As coisas andavam ruins, independente do número de álcool no sangue. Amassou a bituca no banco e jogou na lixeira ao lado. Tirou outro cigarro do bolso. Havia gastado os últimos trocados nas latinhas e na carteira. Bebeu. Fumou. Queria foder, mas simplesmente foder não aliviava o que realmente o atormentava. As coisas geralmente são assim.
Bebeu. Fumou.

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