8 de outubro de 2013

O ódio é grande



E sem querer, você se tornou exatamente como aquele a quem mais admira: Deus... Não, pera, não! Quis dizer outro personagem, me refiro ao decadente homem perdido e solitário que povoa na ficção as ruas de LA.  Você encontrou nele a explicação para suas próprias perguntas, encontrou nele algo digno do qual se identificar, viu em suas visões distorcidas um conforto para respirar e dizer: “Ei, este sou eu! Ei, finalmente alguém me entende”. E está aí. Você se encontrou, parabéns. Decerto não foi um encontro residido em uma imagem sólida de boa reputação e pensamentos éticos, não. É uma questão absorta do mundo normal, um perfil desgastado, consumido pelo pessimismo e ódio próprio. Transcrevendo as palavras daquela tão promissora, porém ex-namorada: “Bebe demais, escreve de menos e o único exercício que faz é no quarto... Você ama as mulheres, mas se odeia. Assim, qualquer uma que goste de você é vista como tola”. Xeque! Palmas, soem os tambores, fiquem de pé, pois os espetáculo foi concluído. Esse é quem você é. Desgastado. Destruído. Depressivo. Danoso. Mas há amor próprio nesse ódio próprio, porque odiar-se é a forma mais gentil e verdadeira de tratar a si mesmo. Você ama se odiar, e está satisfeito assim, é a sua vida, é seu modo de enxergar o mundo lá fora, tão corroído quanto seus olhos, pois o ódio é grande e acabe perfeitamente na cama e no colchão de amar. Você está satisfeito com isso.
Encontrou-se ligeira e profundamente em Hank Moody - como se soubesse disso desde os sua infância.


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