29 de outubro de 2013

Eu não vou sorrir




 ­ ­ ­ ­ ­ ­ Eu não vou sorrir, porque simplesmente não sou o bastardo mentiroso que tanta gente insiste em ser. Não, esqueça, eu não vou sorrir. Sorrisos me agradam... Quando vêm dos outros, claro. Um sorriso meu, por outro lado, pode ser breve, mas jamais refletirá um estado longínquo de alma. Não sou falso o suficiente para mentir sobre minha realidade plena. E estou bem assim – sem cortes nos pulsos, balas no tambor, cordas no teto ou pílulas sobre a mesa. Bem melhor que muitos sorrisos mentirosos por aí, que só fazem esconder a realidade por trás de si mesmos. Uma coisa é ser verdadeiramente sorridente, outra totalmente diferente é querer pagar a imagem de “feliz” para cumprir com a ditadura da felicidade que nos massacra. Ditadura, sim, “sorria, seja feliz, caso contrário te rebaixaremos, você será a pior espécie, renegado pelos olhos alheios e criticado por falsos moralistas e mentirosos que fingem felicidade suprema”. Fodam-se todos. Minha falta de sorrisos é bem mais sincera que a negra máscara que vos vestem. A vida é uma merda e nunca mudará, ao menos eu sei disso, ao menos nego a risada ante a realidade, ao menos não finjo esperanças diante de um quadro frio e escuro. Eu não vou sorrir, estou bem assim, estou bem perante minha eterna depressão. Me faz bem do meu jeito, me deixa em paz e suave. Me deixa livre das mentiras e boas – fúteis – aparências. 

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