25 de outubro de 2013

Axé




­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ Ele pisou naquele chão sagrado, abençoado por todas as entidades de seus antepassados. Por ali passaram muitos pedidos, sofrimentos, agradecimentos e curiosidade, assim como a que ele sentia. Observou atento a tudo que acontecia, as músicas cantadas exaltando os Orixás nas suas línguas nativas, os movimentos feitos pelos filhos representando fielmente cada dança. O cavalo de Ogum, a procura da caça de Oxóssi, os movimentos de Xangô com seus machados. Admirou todos, mas ficou encantado com a leveza dos filhos de Ogum, a simultaneidade deles seguindo o Pai, que também incorporara. A sutileza de mãe Iemanjá no corpo de uma menina no alto dos seus 9 ou 10 anos. Mas nada se comparava a seu Orixá de cabeça, pai Xangô. Quando iniciou-se o canto, ritmado pelo som dos atabaques, sentiu uma energia que há muito não sentia, fechou os olhos e sentiu emanar por todo seu corpo. A vivacidade do movimento que faziam lhe dava energia e lhe abria um sorriso que não podia conter. Sentiu-e abraçado, acolhido por todo poder do rei de Òyó. Ao fim todos os Orixás que deram a honra de sua presença, entram comandados pelo Babalorixá, filho de Oxóssi, que faz sua dança final e passa a receber os que puderam presenciar toda sua altivez. Então, eis que entra na fila, meio a contragosto, mas querendo participar de toda aquela festa. A energia que o cerca ferve e o esquenta de tal forma que ele passa a suar. É tão grande que mal consegue manter-se de olhos abertos e bambeia de um lado ao outro, lutando para receber o comprimento do Orixá. Chega sua vez. Ele fecha o olho para bater cabeça e mostrar respeito àquela entidade. Quando abre, sem entender, já está recebendo o abraço de Oxóssi. Não se lembra do meio tempo. Branco, vazio. Depois disso, foi outro homem, pessoa. Na verdade, se sentiu um menino perante tudo aquilo. E só o que resta é a lembrança da energia que o cercou e ainda o cerca e toda a força que ele absorveu de cada Orixá que desceu para abençoar aquele momento tão especial.
­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ - Motumbá, e muito obrigado pela folha.
­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ - Motumbá Axé, filho. Que Xangô continue lhe protegendo!

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