28 de outubro de 2013

Ela




 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ Ela encanta, ela seduz, ela atrai com o gingado do corpo e o rebolar da mente. Ela trás calma, desejo, ciúmes e angústia, angústia por querer tê-la, por querer prendê-la nos braços, envolvê-la em uma bolha de King e mantê-la ali, para mim. Ela tem disso: desperta o egoísmo, o desespero mais primitivo do homem, a ganância e o abismo da soberba e não querer dividi-la com nenhum abutre que ronda aqui e ali, espreitando sua genialidade e doçura com o único motivo de copular e fugir. Abutres: copular e fugir, fugir e copular, copular e fugir. Talvez eu o seja também: um tipo de abutre mais profundo, sujo e algoz, justamente por desejá-la tanto enquanto abro um sorriso e apenas balanço a cabeça, concordando com algo como se realmente estivesse prestando atenção. Ela é dessas, me desperta amor, bondade, desejo e fétidas astúcias. Ela não tem fotos de biquíni, ela não posa com o corpo dobrado em frente ao espelho, não intitula frases filosóficas em fotografias na praia mostrando a barriga ou decote, ela “cultua com os livros e ama os animais”, ela não precisa provar nada ao mundo, ela não possui corpo escultural, possui seios pequenos e pernas finas, ancas magras e pontudas. Tem algo naquela cabeça e uma coisa extremamente acolhedora nos olhos; talvez seja o modo de falar, tão calmo e meigo, extremamente carente e doce, como se o mundo nem sequer estivesse ruindo lá fora com suas morais distorcidas. Ela é ela. Considera-se feia, sem graça e pouco atraente - sorte a minha, desse modo os abutres são menos. Meu memorando um dia se tornará um livro, um romance que emplacará livrarias ao redor do globo, tão conquistador quanto o chão percorrido pelas páginas de Paulo Coelho. Quem sabe? Um romance com o nome dela, para e por Ela. Ela que está em tantos lugares, aqui e ali, lá e cá, com tantos nomes, tantas cores, olhos distintos, cabelos lisos, encaracolados, pretos e loiros, castanhos, vermelhos... Ela que vive me destruindo em fogo e acolhendo em rios.
 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ Ela, ela e ela. Sempre ela. 



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