6 de outubro de 2013

Um belo filho da puta



Veja só. Eu estava ali, rindo um mar de lágrimas com a história que ele contava. Bradava risadas entre sua eterna sacanagem, gesticulava e berrava com aquele bico que originara seu apelido entre os amigos e a família. E eu me desatava a rir. Sua filha da putagem, latente e conhecida por mim desde criança, era narrada com extremo orgulho. Era mais uma de suas armações, mas, ao que parecia agora, apenas uma consequência de ser tão filho da puta e conquistador. E ele contava a história do lançamento no livro do qual fora convidado, lendo as aventuras descritas pela autora falando sobre um caso forte e carnal de “amor” intenso, ele riu e comprou o livro apenas para que ela autografasse. Aproximou-se da autora (sua conhecida) e olhou para o atual noivo dela. Começou a rir e fazer aquela expressão cínica – que, aliás, é sua expressão natural. E deu o recado no momento do autógrafo, especialmente para a autora e seu noivo escutarem. Então o recado foi dado. Ela riu, envergonhada. O noivo, que já sabia da história recorrente, apenas fechou a cara e ficou irritado como nenhum outro homem poderia ficar. E findada a história, ele continuava a rir aqui na cozinha de casa, eu mais ainda, e todos também. Implicitamente dedicado, a paixão arrebatadora daquele livro era ele. Ele se orgulhava por causa da sua “filha da putagem”, aliás, ele é um exímio artista nessa área. Eu ria, ria e me divertia. Não tinha como não fazê-lo. Filho da puta. Eu amo o meu tio.

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