Veja só. Eu estava ali, rindo um mar
de lágrimas com a história que ele contava. Bradava risadas entre sua eterna
sacanagem, gesticulava e berrava com aquele bico que originara seu apelido
entre os amigos e a família. E eu me desatava a rir. Sua filha da putagem,
latente e conhecida por mim desde criança, era narrada com extremo orgulho. Era
mais uma de suas armações, mas, ao que parecia agora, apenas uma consequência
de ser tão filho da puta e conquistador. E
ele contava a história do lançamento no livro do qual fora convidado, lendo as
aventuras descritas pela autora falando sobre um caso forte e carnal de “amor”
intenso, ele riu e comprou o livro apenas para que ela autografasse.
Aproximou-se da autora (sua conhecida) e olhou para o atual noivo dela. Começou
a rir e fazer aquela expressão cínica – que, aliás, é sua expressão natural. E
deu o recado no momento do autógrafo, especialmente para a autora e seu noivo
escutarem. Então o recado foi dado.
Ela riu, envergonhada. O noivo, que já sabia da história recorrente, apenas
fechou a cara e ficou irritado como nenhum outro homem poderia ficar. E findada
a história, ele continuava a rir aqui na cozinha de casa, eu mais ainda, e
todos também. Implicitamente dedicado, a paixão arrebatadora daquele livro era
ele. Ele se orgulhava por causa da sua “filha
da putagem”, aliás, ele é um exímio artista nessa área. Eu ria, ria e me
divertia. Não tinha como não fazê-lo. Filho da puta. Eu amo o meu tio.
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