Ataraxia pode ser conhecida como um “distúrbio”
ou uma patologia em que o afetado é praticamente indiferente ao mundo e às emoções
à sua volta. Corrijam-me se eu estiver dizendo merda, mas sendo de fato uma
patologia ou um mero estado filosófico da mente, em que o próprio “afetado” acomete
a si mesmo à tal mudança, ou sendo qualquer hipótese inerente apenas à mente
dos mais loucos, em dados momentos me pergunto se isso também não me acomete. Não
me considerando um louco perturbado (embora alguns insistam em afirmar isso),
pervertido tarado sem coração, frio, sujo e inescrupuloso, mas vez ou outra abandono
uma aventura sentimental do mesmo modo em que mergulhei nela. E assim a garota
atraente da semana passada, logo após nosso envolvimento, torna-se tão
desinteressante quanto uma atração física pelo retrato de uma velha feia que
viveu há um século. Pergunto-me de onde vem todo esse desinteresse e as ligações
que não faço, a mensagem que não envio por celular ou a falta de vontade que
tenho em convidá-la para sair. Há algo de errado em mim, disso tenho quase
certeza, algo que não é a ataraxia, mas beira tão próximo a margem que chega a
espantar. Há também quando alguém está perigosamente doente e eu preciso fingir
preocupação, porque enquanto todos estão se desesperando, estou calmo; como
quando minha própria mãe beirou um diagnóstico de câncer e eu agi normalmente,
preocupado, claro, mas não desesperado analisando cada possibilidade de tragédia.
Se é isso um feto ou mera semente de um estágio anômalo ao distúrbio antes
citado, eu não faço a mínima ideia, mas há algo aí... Digo, aqui, aqui dentro, nesta cabeça
deturpada e estranha, onde eu não ligo, onde eu não me importo verdadeiramente,
onde apenas me forço porque quero sentir e quero me preocupar. Mas realmente não
sinto, realmente não me importo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário