22 de janeiro de 2014

Ataraxia



Ataraxia pode ser conhecida como um “distúrbio” ou uma patologia em que o afetado é praticamente indiferente ao mundo e às emoções à sua volta. Corrijam-me se eu estiver dizendo merda, mas sendo de fato uma patologia ou um mero estado filosófico da mente, em que o próprio “afetado” acomete a si mesmo à tal mudança, ou sendo qualquer hipótese inerente apenas à mente dos mais loucos, em dados momentos me pergunto se isso também não me acomete. Não me considerando um louco perturbado (embora alguns insistam em afirmar isso), pervertido tarado sem coração, frio, sujo e inescrupuloso, mas vez ou outra abandono uma aventura sentimental do mesmo modo em que mergulhei nela. E assim a garota atraente da semana passada, logo após nosso envolvimento, torna-se tão desinteressante quanto uma atração física pelo retrato de uma velha feia que viveu há um século. Pergunto-me de onde vem todo esse desinteresse e as ligações que não faço, a mensagem que não envio por celular ou a falta de vontade que tenho em convidá-la para sair. Há algo de errado em mim, disso tenho quase certeza, algo que não é a ataraxia, mas beira tão próximo a margem que chega a espantar. Há também quando alguém está perigosamente doente e eu preciso fingir preocupação, porque enquanto todos estão se desesperando, estou calmo; como quando minha própria mãe beirou um diagnóstico de câncer e eu agi normalmente, preocupado, claro, mas não desesperado analisando cada possibilidade de tragédia. Se é isso um feto ou mera semente de um estágio anômalo ao distúrbio antes citado, eu não faço a mínima ideia, mas há algo aí... Digo, aqui, aqui dentro, nesta cabeça deturpada e estranha, onde eu não ligo, onde eu não me importo verdadeiramente, onde apenas me forço porque quero sentir e quero me preocupar. Mas realmente não sinto, realmente não me importo.

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