6 de janeiro de 2014

Quando encontrei Maria



Quando encontrei Maria, eu andava um caos. Um caos pacífico, desses não destrutivos, desses que não machucam vidas, estava mais para um caos “pós-tempestade”. Quando encontrei Maria, ah, eu lembro muito bem, pouco imaginaria que ela teria um importante papel a desempenhar dali em diante, pouco tinha em mente qual arquétipo de personagem ela seria dentro daquele destruído e massivo roteiro. Quando encontrei Maria, o mais tormentoso problema não era a carência ou o desespero de completar, e sim a solidão de se estar na lama sem amigos ou alguém um pouco além disso. Foi aí que ela apareceu, ironicamente da mesma maneira que a Virgem Santa surgiria para um afogado alcoólatra que busca um propósito. Só que esta Maria em especial era mais real e menos virgem que a mãe de Cristo, ela realmente existia e tinha um marco a cumprir. Quando encontrei Maria, ah, sim, certas coisas fizeram sentido e novamente senti-me afogado em seios maternos – entenda isso como quiser – e calorosas pernas. Quando encontrei Maria, até estive ao ponto de escrever um bom romance inteiro, mas pela primeira vez, vi-me dedicado mais ao tato que à literatura. Escrever tornou-se enfadonho e sem sentido, porque quando encontrei Maria, tive coisas melhores a fazer – como viver.

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