Não nego o mau caráter de um homem,
moça. Não nego que muitos de nós não valemos o chão que pisamos, e que eu mesmo
não vali certos chãos que pisei ao longo de minha curta vida. Não nego nossa
natureza vil e perigosa, extremamente mentirosa quando há de ser, não nego, não
me defendo – condeno a mim e talvez a todos, talvez até mesmo aos mais
inocentes que aqui sequer merecem ser citados. Não nego o grande direito de uma
mulher ao reclame, à oposição, o direito de questionar e cobrar explicações –
quem sabe até a justiça –, mas isso não a concede o direito de menosprezar algo
bom em função de uma ocasião que saiu errada. Isso não a concede o direito de
encher nossos ouvidos com indiretas banais que nunca atingirão o alvo garanhão,
porque provavelmente ele já estará cortejando outra garota, seduzindo-a para um
rápido namoro para aconchegar o pau nessa próxima e respectiva vagina. Homens não prestam, é, eu sei, vá em frente,
diga isso, não contestarei, só não coloque a culpa em um sentimento puro e
bondoso (que você achou estar sentindo) em função de uma desilusão besta e
passageira. Há mulheres e garotas com boa intuição, há mulheres e garotas com
intuição nenhuma, mas isso não significa que você precisa ser uma panaca
mongoloide que acha que encontrou o amor da sua vida na primeira semana de
conversa. Sim, homens não prestam, é, eu
sei, vá em frente, diga isso, não contestarei, mas não é culpa de todos os
seres do meu gênero ou culpa do “amor” que você disse sentir se sua atitude foi
infantil e típica de uma princesa babaca da Disney. Isso não é um conto de
fadas, moça, viver em um mundo onde “todos
os homens, sem exceção, não prestam” te obriga a ser mais esperta e menos
medíocre. E aqui vai um conselho: falta de mediocridade não significa ser
ranzinza, chata, grosseira ou uma feminista-xiita. Não é culpa de ninguém que
sua ilusão tenha dado errado, portanto, não venha culpar o mundo por um vacilo
seu; não venha dizer que todos os homens só pensam com o pau, se os poucos com
quem você se envolveu só faziam isso. Talvez eles estejam sendo extremamente
mentirosos e oportunistas porque viram em você uma garotinha boba e iludida,
cheia de expectativas e sonhos levianos. Não culpe um determinado sentimento
por uma boba desventura que você teve – é o que quero que você entenda, é o que
quero que você aprenda. Uma mulher de verdade... Aliás, uma pessoa de verdade só cresce,
verdadeiramente, quando aproveita as coisas boas de um relacionamento e aprende
racionalmente a amadurecer com as coisas ruis.
É assim que se cresce, garota: sem
culpar ninguém, a não ser a própria ingenuidade e os próprios vacilos.
É assim que você se torna uma mulher.
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