Não que ele tenha feito merda, mas o
modo como sempre larga tudo pra voltar o faz parecer um moribundo arrependido. O
Chaves recitou uma vez e, juro por tudo o que me é mais sagrado, eu jamais
pensei que usaria uma referência do pequeno Chesperito em uma das minhas falidas
palavras. Mas estou usando, pois garotos como eu, e homens como aqueles que
sonho me tornar, são repletos de referências. Elas estão na ponta da língua,
como uma faca afiada pronta a ser usada na primeira oportunidade vista pelo cérebro
ocioso e maluco. Eis um cão como eu.
Tio Hank fez assim: largou um futuro vasto com uma linda e ideal mulher, ela
mesma disse: “Eu poderia amar você”. Sim. Ele sabia disso. Ele sabia, sem
maldade alguma, que aquela Fé destinada a ele seria uma válvula de escape para
todas as indecisões vividas até ali. Mas então, ei de concordar no fundo, que
todo o turbilhão de merdas que aconteceu não valeria nada caso ele seguisse os
caminhos da Fé, da linda Faith. Acompanhem
o raciocínio: se não há um desfecho na história conturbada de amor, se lágrimas
foram derramadas e muito ainda não foi compreendido, pra quê tomar um caminho
novo e abandonar todas aquelas lições que ainda não foram aprendidas
inteiramente? O sofrimento existe por um motivo e, eu juro, sem ele, não há vitória.
É aqui o ponto chave onde eu entendo o Sr. Henry James Moody. Se você ama uma
mulher de verdade, por que abandoná-la na primeira oportunidade de ouro? Você já
passou bons bocados por ela, aprendeu o verdadeiro sentido de amar, sabe que
ela é a mulher da sua vida e vai abandoná-la por um caminho fácil? De que valerá
a pena todo o esforço e dedicação que seu miserável coração fez? Eu,
sinceramente, entendo a escolha que ele tomou, porque é a escolha interior que
venho tomando para minha vida. Volta o cão
arrependido. E esse arrependimento, creio eu, é aquele que pipoca no fundo
da consciência dizendo: “Não a abandone,
seu idiota. Ela é a mulher da sua vida, foda-se se não ficarão juntos ou se não
serão felizes. Não a abandone, porque cada respiro que você dá é por ela e para
ela. Não a abandone, nem pense nisso! Volte agora!”. Isso significa “lançar meus monstros pra baixo”; este é
o segredo de ser feliz, por mais que nada se concretize: estar em paz consigo e
ser fiel para ela, profundamente e sentimentalmente fiel. Não importa a distância,
não importa o tempo.
Volta o cão arrependido...
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