16 de abril de 2013

Volta o cão arrependido




Não que ele tenha feito merda, mas o modo como sempre larga tudo pra voltar o faz parecer um moribundo arrependido. O Chaves recitou uma vez e, juro por tudo o que me é mais sagrado, eu jamais pensei que usaria uma referência do pequeno Chesperito em uma das minhas falidas palavras. Mas estou usando, pois garotos como eu, e homens como aqueles que sonho me tornar, são repletos de referências. Elas estão na ponta da língua, como uma faca afiada pronta a ser usada na primeira oportunidade vista pelo cérebro ocioso e maluco. Eis um cão como eu. Tio Hank fez assim: largou um futuro vasto com uma linda e ideal mulher, ela mesma disse: “Eu poderia amar você”. Sim. Ele sabia disso. Ele sabia, sem maldade alguma, que aquela Fé destinada a ele seria uma válvula de escape para todas as indecisões vividas até ali. Mas então, ei de concordar no fundo, que todo o turbilhão de merdas que aconteceu não valeria nada caso ele seguisse os caminhos da Fé, da linda Faith. Acompanhem o raciocínio: se não há um desfecho na história conturbada de amor, se lágrimas foram derramadas e muito ainda não foi compreendido, pra quê tomar um caminho novo e abandonar todas aquelas lições que ainda não foram aprendidas inteiramente? O sofrimento existe por um motivo e, eu juro, sem ele, não há vitória. É aqui o ponto chave onde eu entendo o Sr. Henry James Moody. Se você ama uma mulher de verdade, por que abandoná-la na primeira oportunidade de ouro? Você já passou bons bocados por ela, aprendeu o verdadeiro sentido de amar, sabe que ela é a mulher da sua vida e vai abandoná-la por um caminho fácil? De que valerá a pena todo o esforço e dedicação que seu miserável coração fez? Eu, sinceramente, entendo a escolha que ele tomou, porque é a escolha interior que venho tomando para minha vida. Volta o cão arrependido. E esse arrependimento, creio eu, é aquele que pipoca no fundo da consciência dizendo: “Não a abandone, seu idiota. Ela é a mulher da sua vida, foda-se se não ficarão juntos ou se não serão felizes. Não a abandone, porque cada respiro que você dá é por ela e para ela. Não a abandone, nem pense nisso! Volte agora!”. Isso significa “lançar meus monstros pra baixo”; este é o segredo de ser feliz, por mais que nada se concretize: estar em paz consigo e ser fiel para ela, profundamente e sentimentalmente fiel. Não importa a distância, não importa o tempo.
Volta o cão arrependido...

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