Afundado em teus olhos, afogado no
mar sereno e épico dos teus escuros cabelos. Vou e volto, venho e me vou. Sem
destino, sem rumo, pobre e moribundo. Afundado em ciúme silencioso, num
seguimento sem rastros, sem pistas, nem danos, nem cogitações. Afundado na tua
imagem em minha mente, das mil donzelas que sobem a condução, esvoaçando
cabelos e pele que mais lembram você, por entre as ruas, nas sombras das
mangueiras, dos olhos castanhos, da cidade úmida. Minha Belém, meu amado norte: a quilômetros – tão longe, tão perto.
Eu te vejo vagando, conduzindo meu coração num cálice de amoras, sanguinário
teor, que anseia e me constrói o terror. Rimas sem nexos, nexos desconexos. Com
olhos rasgados, ligeiramente rasgados na fotografia polaroide que nunca
existiu, porque meu mundo é cruel, vil e sedento por alegrias lastimosas. Estou
afundado, afundando num pranto imaginário: lágrimas tuas que caíam por mim,
hoje desaguam por ele, num oceano que não ousei desbravar. Fui covarde, dei
meia volta, voltei. Minha donzela, do
mar conturbado e pacífico, rainha do mistério, princesa da contradição. Se em
teu sorriso existe ternura ou ódio, já não mais sei. Mas que me afunda, vive
afundando e matando, disso tenho certeza. Afundado. Afundando. Em teus cabelos, pele e olhos. Corpo vil, corpo esguio,
sonolento, inocente. Afundo mais a cada memória. Indo, indo e indo. Sem volta, sem
oxigênio, sem calma, sem glória. Só dor. Afundado, afundo.
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